Para Terminar Abril


"Tenho pensamentos, que se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."

(Fernando Pessoa)

e-mails...

Dos e-mails recibos hoje, destaco este:


Tudo depende da posição

Fazê-lo parado fortalece a coluna, de barriga para baixo estimula a circulação do sangue. De barriga para cima é mais agradável. Fazê-lo sozinho é enriquecedor, mas egoísta. Em grupo pode ser divertido. No w.c. é muito digestivo. No automóvel pode ser perigoso…
Fazê-lo com frequência desenvolve a imaginação. A dois, enriquece o conhecimento, de joelhos, torna-se doloroso…
Enfim, sobre a mesa ou sobre ao secretária, antes de comer ou à sobremesa, sobre a cama ou numa rede, despidos ou vestidos, na relva ou sobre o tapete, com música ou em silêncio, entre lençóis ou no roupeiro. Fazê-lo é sempre um acto de amor e de enriquecimento. Não importa a idade, nem a raça, nem o credo, nem o sexo, nem a posição económica... ler é um prazer!

Uma picadinha do Melga :)

36 Anos Depois


O que faz falta é acordar a malta! O que faz falta.
O que faz falta é libertar a malta! O que faz falta.

(Zeca Afonso)

Dia Mundial do Livro


Nos livros que já li
fui Princesa, fui Guerreira
fui Pirata e Salteadora
fui menina assustada
fui tudo e não fui nada 

Nos livros que já li, sofri, chorei e ri
Senti emoções emprestadas
De vidas sonhadas e malfadadas
 Sonhei, viajei e aprendi

Nos livros que já li
Fui eu e apenas eu
Quem deu vida ás palavras
Escritas por quem, um dia as viveu

Helga

A Paz

A PAZ

"A Paz é de algodão como as nuvens, é doce e não pesa. Lá dentro, podemos correr de braços abertos, trocar segredos com Deus e perdoar as ofensas. A Paz não magoa, não arde, não seca. Damos-lhe a mão e leva-nos onde pedirmos. Quando ficamos em paz, ouvimos as fadas. Ouvimos as mães a falar em voz baixa, os pais a cantar e a água alisando as pedras do rio."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Visto do Céu

A história de uma vida e de tudo o que vem depois...


Acabei de ler mais um livro fantástico - "Visto do Céu" de Alice Sebold - recentemente adaptado para o cinema. Uma narrativa absolutamente enternecedora e comovente, pelo olhar de uma adolescente (assassinada aos 14 anos) que nos conta a história da vida que deixou na terra, vista do céu. Como referência escolhi este trecho, em que Susie, a personagem, descreve esse mesmo céu, o seu céu, com uma simplicidade que me comoveu.

"Agora, estou num sítio a que chamo o Céu Imenso, porque inclui todos os meus desejos mais simples e também os mais humildes e os mais grandiosos. A palavra que o meu avô usa é conforto. Portanto, existem bolos e almofadas e uma enorme variedade de cores, mas debaixo dessa mais óbvia manta de retalhos, há sítios como uma sala tranquila, onde podemos entrar e dar a mão a alguém sem precisar de falar. Sem contar uma história. Sem fazer exigências. Onde podemos viver à nossa maneira durante o tempo que quisermos. Este Céu Imenso tem a ver com pregos de cabeça chata e a macia penugem de folhas novas, com corridas em montanhas-russas e berlindes que fogem e caem e ficam pendurados, e depois nos levam a sítios impossíveis de imaginar nos sonhos do céu pequeno."

Frases do Cinema

"Por vezes cruzamo-nos com o destino no caminho que escolhemos para o evitar"


Mestre Oogway em 'O Panda do Kung-Fu'

O Cão que tinha um gato dentro dele

Porque há dias em que nos sentimos assim... 
Contrários ao que somos ou tão somente ao que pensamos ser
Dias de conflito interior e de busca pela nossa identidade
Dias de silêncio, num grito a duas vozes
Dias em que nós somos os outros e os outros somos nós


Helga

Desejo


Gosto de analisar tudo. Gosto de tentar perceber porque fazemos o que fazemos e a forma como o fazemos. Gosto de descrever emoções, principalmente as que não conheço, e tentar imaginar o que sente quem as vive. O desconhecido fascina-me e aquilo que ainda não aprendi, fascina-me ainda mais. Foi no meio das minhas intermináveis analogias, que me ocorreu definir a palavra desejo. Foi a primeira palavra que me veio à mente assim do nada - podia ter sido outra qualquer - mas foi esta e contrariamente ao que sempre faço, não perdi muito tempo a analisar o porquê da minha escolha. Queria apenas escrever qualquer coisa e sentir as palavras.

Definir desejo. Não vai ser difícil - disse para mim - enquanto tentava encontrar as palavras que melhor definissem o meu pequeno grande desafio. Pensei mais um pouco, alguma coisa havia de surgir. Alguma coisa do tipo; desejo é uma atracção física, uma vontade maior e inexplicável, saudade talvez. Não! Tinha que ser muito mais do que isso, e não pensei mais, pois percebi que desejo não se define. Sente-se. Vive-se. Enlouquece. Queima-nos a pele e tolda-nos a razão. Desejo é loucura. É paixão. É chama que arde mesmo depois de apagada. Desejo és tu, quando olho para ti. Não há palavras que definam o teu sorriso e o quanto ele me ilumina e me conforta. Não há analogia que analise a intensidade do teu olhar e a forma como ele me contempla, como se eu fosse única, tal como tu és único. Não há outra boca que eu queira beijar, outro corpo que eu queira junto ao meu, nem outro ser que eu queira amar. Se isso não é desejo, não sei o que possa ser. Demência talvez...
Helga

Não Perdi Nada


"... e de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares

Apenas o que é Bom de guardar


Estarei na brisa do vento e no cheiro do mar
Nos pingos de chuva e nas folhas de Outono
Estarei nas manhãs de Primavera 
E no entardecer de um dia de Verão

Levarei comigo a saudade e as lágrimas de riso
Os beijos que enlouquecem e o olhar que vibra
Levarei comigo tudo o que não se esquece
Guardarei apenas o que é bom de guardar

Texto e imagem: Helga

Vai Aonde Te Leva o Coração

"Partiste há dois meses e há dois meses, exceptuando um postal onde me comunicavas que ainda estavas viva, que não tenho notícias tuas."


'Vai Aonde Te Leva o Coração' de Susanna Tamaro, um livro intenso e tão apaixonante quanto angustiante. O diário de uma avó a uma neta, que se transforma no diário de uma mãe a uma filha, de uma  filha a uma mãe, de uma mulher ao mundo, à vida. Confesso que tive que fazer algumas pausas para retomar o fôlego e enxugar as lágrimas, tal é a sua intensidade. Li-o em apenas três dias, como se cada palavra fosse dirigida, não só a mim, mas a cada um de nós, pois sinto que muitas vezes agimos irracionalmente porque desconhecemos a verdade por detrás dos actos de quem nos ama. Um livro ao qual não se fica indiferente e que nos toca pela assustadora sabedoria e simplicidade das suas palavras. Aqui fica um cheirinho... espero que vos encante como me encantou a mim.

"A ideia do destino é algo que surge com a idade. Quando se tem os anos que tu tens, geralmente não se pensa nisso, tudo o que acontece é como se fosse fruto da nossa vontade. Sentimo-nos como um operário que, pedra sobre pedra, vai construindo à sua frente o caminho que deverá percorrer. Só muito depois é que se repara que o caminho já está construído, que alguém o traçou para nós e que só nos resta seguir em frente (...) Para veres o destino em toda a sua realidade, tens de deixar passar mais alguns anos. Por volta dos sessenta, quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente, vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direcção diferente."

"Quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar." 

"Os jovens não são naturalmente egoístas, tal como os velhos não são naturalmente sábios. Compreensão e superficialidade não têm nada a ver com os anos, mas com o caminho que cada pessoa percorre. Ainda não há muito tempo, li, já não sei onde, esta máxima dos índios da América "Antes de julgares uma pessoa, caminha durante três luas com os seus mocassins" (...) Só de dentro, só caminhando durante três luas com os seus mocassins é que se pode compreender as motivações, os sentimentos, aquilo que faz agir uma pessoa de uma forma e não de outra. A compreensão nasce da humildade, não do orgulho do saber."

Abismo (para a Fábrica de Letras)


Em Portugal, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego no final de Março, era de 484 mil, o que representa um aumento de 23,8% comparativamente ao mesmo mês do ano passado e um aumento de 3,2% face ao mês de Fevereiro, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). O “fim do trabalho não permanente” continua a ser o principal motivo de inscrição e foi a razão invocada por 38,8% dos desempregados que se dirigiram aos centros de emprego em Março, de acordo com o relatório.

O país está à beira do abismo e nem precisa de saltar para mergulhar de cabeça...


No âmbito do desafio de Abril para a Fábrica de Letras sobre o tema 'Abismo'