Transformação Pessoal


A transformação pessoal não é uma corrida contra o tempo. Na realidade, por vezes, quanto mais nos esforçamos por mudar, mais moroso é esse processo. São inúmeras as pessoas que abordam o processo em que se descobrem a si mesmas como se fosse um desporto radical – apressando-se em busca do que remediará todos os seus males, a um passo frenético. Lêem livro após livro; consultam uma sucessão ilimitada de conselheiros e assistem a uma infinidade de seminários. Querem respostas para as grandes questões com que se debatem. Contudo, uma pessoa que não seja capaz de manter a serenidade face ao mistério da sua vida, desfrutando do processo de desenvolvimento pessoal, viverá constantemente amedrontada.
Robin Sharma, in Inspiração 
Texto transcrito a propósito do desafio de Fevereiro da Fábrica de Letras "Metamorfose".

2 Anos!


Mais um ano passou e com este já são dois que este blogue completa. É instintivo dizer-se que nunca pensámos chegar tão longe, mas na verdade para mim é surpreendente. Sem inspiração e sem saber o que dizer ou comentar, ultimamente este espaço tem sido um espaço vazio de conteúdo e de qualquer tipo de expressividade. Provavelmente já aconteceu a todos, aliás, tenho para mim que sim, que nem sempre apetece dizer alguma coisa. Não sei se pedir desculpa pela minha falta de vontade será o mais adequado, porém sinto-me na obrigação de o fazer, por isso e como que em forma de justificação, me desculpo perante vós, a razão pela qual este espaço ainda existe, pela ausência e pelo quase abandono do mesmo. Desculpem, sim? E muito obrigada pelo carinho, pela partilha e pela companhia!

Canção de Dezembro


There was always Christmas time
To wipe the year away
I guess that morning they’d decided
That the war would have to wait
There was always Christmas time
Jesus came to stay
I could believe in peace on Earth
And I could watch TV all day
So I dreamed of Christmas

Votos de um Feliz Natal

Povo



 "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

Chuva


Chuva, caindo tão mansa
Na paisagem do momento
Trazes mais esta lembrança
De profundo isolamento

Chuva, caindo em silêncio
Na tarde, sem claridade
A meu sonhar d'hoje, vence-o
Uma infinita saudade

Chuva, caindo tão mansa
Em branda serenidade
Hoje minh'alma descansa.
— Que perfeita intimidade!

Francisco Bugalho

Somos um Pilar


Somos um pilar. Forte e indestrutível. Sólido como uma rocha. Aguentamos tempestades, aturamos demências, consolamos tristezas, perdoamos ofensas e no final do dia sorrimos. Sorrimos porque nos habituámos a sorrir perante as adversidades. Sorrimos porque é a única forma de as vencer. Habituámo-nos a ser fortes. Habituámos os outros à nossa força. Porém um dia, sem razão aparente, não conseguimos sorrir. Não conseguimos ser fortes. Choramos por tudo e choramos por nada. As demências dos outros aborrecem-nos e as ofensas magoam-nos. Precisamos de um abraço. De um sorriso. De uma palavra de conforto e compreensão. Mas somos um pilar. Forte e indestrutível. Sólido como uma rocha. Somos culpados. Habituámos os outros à nossa força e nunca à nossa fraqueza. Lidamos com as fraquezas de todos e no entanto ninguém sabe lidar com as nossas. Desconhecem-nas. Esperam que sejamos fortes como sempre fomos. Que nos ergamos sozinhos. É o que fazemos. É no auge da nossa angústia que reconstruímos o nosso pilar.  É no meio dos destroços que se ergue a nossa força. Precisamos dela. Para consolar quem não nos consola. Para compreender quem não nos compreende. Precisamos de continuar com a farsa em que todos acreditam. Incluindo nós...

Helga

da Ausência


"Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças ?" 
Marcel Proust

Detonadores


"- Como vê, todos temos no nosso interior os elementos necessários para produzir fósforo. Mais ainda, deixe-me dizer-lhe uma coisa que não confiei ainda a ninguém. A minha avó tinha uma teoria muito interessante, dizia que embora todos nasçamos com uma caixa de fósforos no nosso interior, não os podemos acender sozinhos, precisamos, como na experiência que acabei de fazer, de oxigénio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigénio tem de vir, por exemplo, do hálito da pessoa amada. A vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por momentos sentir-nos-emos deslumbrados por uma intensa emoção. Dar-se-á no nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passa o tempo, até vir uma nova explosão que o reavive. Cada pessoa tem de descobrir quais são os seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se dá quando um deles se acende é que alimenta a alma de energia. Por outras palavras, esta combustão é o seu alimento. Se uma pessoa não descobre a tempo quais são os seus próprios detonadores, a caixa de fósforos fica húmida e já não poderemos acender um único fósforo. Se isso chegar a acontecer, a alma foge do nosso corpo, caminha errante pelas trevas mais profundas procurando em vão encontrar alimento sozinha, não sabendo que só o corpo que deixou inerme, cheio de frio, é o único que poderia dar-lho."

Passagem do livro Como Água Para Chocolate de Laura Esquivel, que estou a reler. Não resisti à simplicidade desta teoria e à sua veracidade.

Perguntas sem Resposta


"Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que em nós existe, então o que acontece ao resto?"

Pascal Mercier em "Comboio Nocturno para Lisboa"

200 Anos

 D. Antónia Ferreira (1811 - 2011)

Se podia viver sem o Vinho do Porto? Poder, podia, mas não seria a mesma coisa... gosto tanto:)
Abençoada seja D. Antónia.

Meditação


Às vezes, quando a noite vem caindo,
Tranquilamente, sossegadamente,
Encosto-me à janela e vou seguindo
A curva melancólica do Poente.

Não quero a luz acesa. Na penumbra,
Pensa-se mais e pensa-se melhor.
A luz magoa os olhos e deslumbra,
E eu quero ver em mim, ó meu amor!

Para fazer exame de consciência
Quero silêncio, paz, recolhimento
Pois só assim, durante a tua ausência,
Consigo libertar o pensamento.

Procuro então aniquilar em mim,
A nefasta influência que domina
Os meus nervos cansados; mas por fim,
Reconheço que amar-te é minha sina.

Longe de ti atrevo-me a pensar
Nesse estranho rigor que me acorrenta:
E tenho a sensação do alto mar,
Numa noite selvagem de tormenta.

Tens no olhar magia de profeta
Que sabe ler no céu, no mar, nas brasas...
Adivinhas... Serei a borboleta
Que vendo a luz deixa queimar as asas.

No entanto — vê lá tu!— Eu não lamento
Esta vontade que se impõe à minha...
Nem me revolto cedo ao encantamento...
— Escrava que não soube ser Rainha!

Fernanda de Castro

da Condição Humana

 
Todos sofremos.
O mesmo ferro oculto nos rasga e nos estilhaça a carne exposta.
O mesmo sal nos queima os olhos vivos.
Em todos dorme a humanidade que nos foi imposta.
Onde nos encontramos, divergimos.
É por sermos iguais que nos esquecemos,
Que foi do mesmo sangue,
Que foi do mesmo ventre que surgimos.


Ary dos Santos

Carrego o Teu Coração Comigo


Carrego o teu coração comigo
Carrego-o no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde eu vou, tu vais
E o que é feito por mim, és tu que fazes
Não receio nenhum destino
Tu és o meu destino
Eu não quero outro mundo
Tu és o meu mundo, a minha verdade
Tu és o significado da Lua
Onde quer que o Sol brilhe, tu és o seu canto

Aqui está o segredo mais profundo que ninguém sabe
Aqui está a raiz da raiz e o botão do botão
E o céu do céu de uma árvore chamada vida
A qual cresce mais alto
Do que a alma espera ou a mente esconde
Este é o milagre que mantém as estrelas separadas
Carrego o teu coração comigo
Carrego-o no meu coração

E.E. Cummings

O Poder das Nossas Escolhas



Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer. O pior que nos pode acontecer é NADA. Uma vida fácil nada nos ensina. No fim, é o que aprendemos o que importa: o que aprendemos e como nos desenvolvemos. Traçamos as nossas vidas pelo poder das nossas escolhas. Quando  as nossas escolhas são feitas passivamente, quando não somos nós mesmos que traçamos as nossas vidas, sentimo-nos frustrados.

Uma pequena mudança hoje pode acarretar-nos um amanhã profundamente diferente. São grandes as recompensas para aqueles que têm a coragem de mudar, mas essas recompensas acham-se ocultas pelo tempo. Geramos os nossos próprios meios. Obtemos exactamente aquilo pelo que lutamos. Somos responsáveis pela vida que nó próprios criamos. Quem terá a culpa, a quem cabe o louvor, senão a nós mesmos? Quem pode mudar as nossas vidas, a qualquer tempo, senão nós mesmos?


Richard Bach

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é a plateia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Letra e música: Oswaldo Montenegro

A Rosa


Alguns dizem que o amor é um rio
  que afoga a relva macia
Alguns dizem que o amor é um lâmina 
que deixa a tua alma a sangrar

Alguns dizem que o amor é uma fome
Uma necessidade dolorosa que nunca acaba
Eu digo que o amor é uma flor e tu és apenas a semente

É o coração com medo de quebrar que nunca aprende a dançar
É o sonho com medo de acordar que nunca aproveita a chance
É aquele que nunca será dominado que não se consegue dar
  É a alma com medo de morrer que nunca aprende a viver

Quando a noite for solitária e o caminho muito longo
Quando achares que o amor é para os fortes e para os sortudos
Basta lembrares-te que num Inverno distante sob a neve amarga
Está uma semente que com o amor do Sol
Na Primavera se torna numa Rosa

(Bette Midler - The Rose)

Tradições

(o conteúdo deste vídeo pode ferir susceptibilidades)


A propósito do desafio de Março para a Fábrica de Letras sobre o tema 'Violência'.