Do Virtual ao Real


Hoje publico aqui algo um pouco fora do âmbito habitual, mas não podia deixar de partilhar este acontecimento que me enche de um enorme orgulho. O que não passava de um hobby de fim-de-semana, tornou-se em algo maior. Um sonho tornado realidade. Falo do meu marido, que viu finalmente o seu talento reconhecido enquanto designer de skins para carros virtuais. Agora o primeiro carro real com design inteiramente de sua autoria aqui está, um Ferrari 458 GTD, que irá correr amanhã ao vivo e a cores nas 24h de Daytona. Aqui ficam algumas imagens do resultado final... e digam lá que não ficou uma verdadeira beleza? Estou tão orgulhosa!

É da Praxe


Na Lusófona há meninos trajados como abutres que impedem colegas seus de falar com jornalistas. Nem quero saber se as mortes do Meco se ficaram a dever a um ritual idiota de humilhação e vassalagem; escolho deprimir-me antes com esta omertà manhosa que visa encobrir a vergonha, exorcizar a culpa, proteger a amada "tradição". 

Mas fazem bem, os meninos das capitas grotescas. Fazem bem em acalentar as praxes universitárias. Elas são, afinal, a melhor formação a que os nossos filhos se podem sujeitar; treino para viver num país em que a obediência redime, a cabeça baixa salva e a submissão leva à vitória.
Como na tropa, as praxes preparam para o campo de batalha. E para a obediência cega aos mais graduados. Mesmo que as ordens venham de alguém que só tem a sua burrice, a capacidade de chumbar resmas de anos como galões. Passando no teste, as vítimas poderão um dia, oh suprema felicidade!, vir a oprimir os seus próprios recrutas. 

Os meninos que mais aprendem com desfiles em trajes menores e excrementos besuntados na cara ficam prontos para altos voos. Prontos, por exemplo, para serem deputados de um partido que os obriga a votar de forma abjecta, contra a sua consciência. E nem sentem vergonha: proclamam ridículas declarações de voto com o ar contrito de soldados que se sacrificaram pelo bem do pelotão. Eles não queriam, ela até fugiu na hora H... mas nenhum ousa abandonar o "grupo" que os pôs a votar contra a decência que neles ainda sobrevive. Foram bem treinados. 

Um texto de Luís Rainha, o qual subscrevo e assino cada linha.

Amor Comum

Este ano os U2 ganharam o Golden Globe pela melhor música original (Ordinary Love) e Bono Vox dedicou-o a Nelson Mandela, um homem que escolheu não odiar, não porque não sentisse ódio ou raiva, mas por achar que o amor faria um trabalho melhor. Bonito, não?


We can't fall any further
If we can't feel ordinary love
We cannot reach any higher
If we can't deal with ordinary love

Seremos fortes o suficiente para lidar com o amor comum?
Mandela foi.

A Casa da Assenta


A casa da Assenta é um lugar encantado. Um mistério arrancado das páginas de um romance enigmático e inspirador. Aqui tudo é paz e serenidade. Até o mar bravio que fustiga a extensa falésia com a sua revolta, nos tranquiliza e acalma o espírito com a fúria da sua melodiosa imponência. O sopro do vento traz até nós um cheiro de vida e de sal. Uma brisa marinha que se dissolve suavemente, devolvendo no eco do seu silêncio, a essência de todos os seus mistérios à imensidão do mar. Sólida e plantada no topo das rochas, como se de rochas fosse feita, a casa da Assenta é hospitaleira e acolhedora como um terno abraço. Nostálgica como uma tarde de Inverno e solarenga como uma manhã de Verão.
Aqui o medo é levado pela espuma da maré e as dúvidas pelo sabor do vento. Aqui os dias passam devagar e as noites são como um bálsamo que nos acaricia a alma. Aqui a saudade só é grande na hora de ir embora, quando percorremos a sinuosa estrada de terra batida e vemos as suas paredes caiadas de branco fundirem-se no horizonte, como as asas de uma gaivota, cujo voo nos acompanha até perdermos o velho casario de vista, e sentimos imediatamente vontade de voltar, porque a casa da Assenta é um lugar encantado, onde tudo é paz e serenidade. Um lugar onde nos desejamos encontrar apenas para nos voltarmos a perder na calmaria dos seus segredos e nos deixarmos conquistar pelos seus aromas exóticos e apaziguadores.


Helga, in Lugares Imaginados

Eusébio (1942 - 2014)

Tive o prazer e o privilégio de o conhecer na década de 80. Homem humilde e de grande simpatia. Nunca o vi jogar, mas cresci a ouvir os relatos dos seus feitos e das suas glórias. Na última homenagem "sentiu-se" a ausência de Mourinho e Ronaldo. Descansa em paz grande Pantera Negra!


Havia nele a máxima tensão
Como um clássico ordenava a própria força, 
sabia a contenção e era explosão, 
havia nele o touro e havia a corça.

Não era só instinto, era ciência,
magia e teoria já só prática.
Havia nele a arte e a inteligência
do puro jogo e sua matemática.

Buscava o golo mais que golo: só palavra.
Abstracção. Ponto no espaço. Teorema.
Despido do supérfluo rematava
e então não era golo: era poema.

Manuel Alegre