Para 2011


Desejo o melhor. Receio o pior. Aceito o que vier.

(Daniel Defoe)


Mas acima de tudo, tentarei encarar a vida pelo lado positivo!

FELIZ ANO NOVO!

Todos os Sonhos


Todos os pássaros, todos os pássaros
Asas abriam, erguiam cantos
De Amor cantavam.
Todos os homens, todos os homens
De almas abertas, de olhos erguidos
De Amor cantavam.

(José Gomes Ferreira)


Desejo a todos um Feliz Natal!

Pessoas (para a Fábrica de Letras)


Eu? 
Eu dedico esta canção aos meus queridos avós...


Para a Fábrica de Letras no âmbito do desafio de Dezembro:
'Objectos. Pessoas. Sítios. Acontecimentos'

Artistas de Circo


Somos todos artistas de Circo. Malabaristas de pareceres e aparências. Quando o pano sobe, respiramos fundo, ensaiamos o nosso melhor sorriso, corrigimos a nossa postura e tentamos não desiludir a plateia que nos observa atentamente. Uma plateia ansiosa, que nos espera ver brilhar, mas que aguarda silenciosamente o nosso primeiro erro para nos lembrar as nossas falhas e imperfeições. Só conhecemos alguém quando conhecemos o seu contrário. O contrário de um artista é a sua falha perante um público expectante, porém traiçoeiro e sedento do seu fracasso. É exactamente assim o nosso contrário. Contrabalançamos o nosso carácter honesto e leal com o nosso lado mesquinho e ardiloso, mas no fim optamos sempre por nos proteger de quem somos. É a confiança que temos na nossa actuação que muitas vezes nos trai. Ensaiamos até à exaustão o nosso número, que não contamos que o mesmo possa ser passível de falhas e erros. 

Darmos a alguém a conhecer quem somos, é dar-lhes a conhecer aquilo que nós mesmos não conhecemos. A humildade é um dom e a honestidade é sem dúvida uma virtude, porém ambas podem ser um trapézio sem rede, se nos limitarmos a viver só e unicamente apoiados nelas. O perigo da nossa queda, consiste precisamente numa gestão errada de nós mesmos, pois muitas vezes a nossa maior falha, não está em não saber reconhecer os nossos defeitos, mas sim em não saber lidar com as nossas virtudes. Não somos seres superiores. Somos todos imperfeitos. Falsos e leais. Honestos e mesquinhos. Felizmente tenho a minha plateia para a qual posso actuar sem medo de falhar. Felizmente sou imperfeita. Felizmente sou humana.

(Helga - Novembro 2009)

Nada


"Aneurisma. Qualquer instante pode ser o último. Sem o mínimo pressentimento, no mais completo desconhecimento, irei transpor uma barreira invisível, para além da qual nada existe, nem sequer a escuridão. O meu próximo passo pode muito bem ser o passo através dessa barreira. Não é então ilógico sentir medo disso, tendo consciência de que nem sequer me aperceberei da súbita síncope e sabendo de antemão que tudo irá acontecer assim mesmo?"

Narrativa de Amadeu de Prado em 'Comboio Nocturno para Lisboa' de Pascal Mercier

Procura-se!


Opel Corsa Swing - 2 portas

Desapareceu de casa no passado dia 30 de Setembro sem deixar rasto. Peço a vossa ajuda para o ajudar a encontrar são e salvo. Qualquer detalhe ou informação é muito importante! Durante 18 anos partilhámos momentos, aventuras, viagens, apanhámos alguns sustos e tivemos algumas zangas. Tenho saudades dele! 

Obrigada!

Devagar


Aos poucos vou surgindo. Devagar, para não perturbar o sossego que ficou no meu lugar. Revigorada? Talvez! Sinto-me bem. No fundo é o que conta, certo? O descanso das férias por vezes é bastante relativo. Quebra-se a rotina e criam-se novos vícios. É preciso tempo para aprender tudo outra vez. Para ocupar o espaço e obedecer aos dias. Por isso aqui estou - timidamente - sem muito para dizer, mas com vontade de ficar. Aos poucos vou surgindo. Devagar, para absorver todo o carinho que me deixaram, todas as palavras que me disseram. A todos muito obrigado!

Ainda Não


Ainda não
Não há dinheiro para partir de vez
Não há espaço de mais para ficar
Ainda não se pode abrir uma veia
E morrer antes de alguém chegar

Ainda não
Não há uma flor na boca para os poetas
Que estão aqui de passagem
E outra escarlate na alma
Para os postos à margem

(António José Forte)

Vou de férias. Vejo-vos em Setembro. Até lá...

Palavras que Tendemos em Ignorar


 "Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam. Não deixem nada por dizer. Nada por fazer." 

António Feio
1954 - 2010

Cansa Sentir


Cansa sentir quando se pensa
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar

Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei-de ser
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer

Tudo isto me parece tudo
E é uma noite a ter um fim
Um negro astral silêncio surdo
E não poder viver assim

Tudo isto me parece tudo
Mas noite, frio, negror sem fim
Mundo mudo, silêncio mudo
Ah, nada é isto, nada é assim!

(Fernando Pessoa)

O Espantalho


Dois paus em cruz espetados no chão, as roupas tão velhas e sujas de terra que dir-se-iam roubadas da jazida de algum defunto, a caraça medonha com o chapéu roto e desabado em cima, tudo isto cheio a miolo de enxergão, e eis a divindade protectora com que o campónio espanta das árvores fruteiras, da seara e da vinha, a praga odiada do pássaro ratoneiro - o pardal atrevido e velhaco, o melro brejeiro que faz o ninho entre os silvados, o marantéu guloso, e toda a outra casta de aves, que sem respeito nem cerimónia se assenta à mesa do lavrador e devora mais que os filhos. Cada grão de trigo tem para o homem que trabalha a terra, o valor de uma bagada de suor ou de uma lágrima, cada fruto é o regalo dos seus olhos e a vinha o sangue quente do seu corpo de mártir. E quer a natureza que o primeiro milho seja dos pardais. Malditos, os ladrões do seu trabalho!

No meio dos campos, levantam-se estes monstros com feição de gente, grotescos e horrendos, apreensivamente ameaçadores na sua imobilidade de ídolos, de que só um ou outro pássaro mais matreiro ousa rir e se atreve a desfeitear, com escárnio e heresias, tão alto poder divino. Mas isso é bicho afeito à astúcia e ronha dos humanos, que os outros não se afoitam. Alguns destes espantalhos são a viva imagem da fantasia, ao mesmo tempo desesperada e risonha, do homem seu criador. São a caricatura do medo, no grotesco das atitudes, na brutalidade e rudeza dos traços, em meio dos albofres, das searas douradas, da vinha dadivosa e dos ricos e perfumados pomares. A inocência das aves, e nisso é que está por ventura toda a graça, não é no fundo maior que a candura dos homens, que, na sua pequenez e infelicidade, também sentem temor dos mesmos diabos infernais e grotescos espantalhos dos humanos apetites, símbolo de maldade e castigo, que pouco diferem dos demónios que assustam a desprevenida ave do céu.

Manuel Mendes em 'Pedro - Romance de um Vagabundo'.

Estou a reler este livro - comprei-o quando tinha 13 anos numa banca de rua - e escolhi este pequeno trecho, não apenas porque gostei dele, mas porque me parece que todos temos um espantalho dentro de nós. Um monstro criado à nossa imagem e semelhança, numa tentativa de assustar o que mais tememos - a nossa pequenez e infelicidade.

Se...


Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen

O Percurso de Volta


Sempre fui ensinada a não desejar mais do que posso ter - talvez porque quem me ensinou, não tinha muito para me dar. Não sei. Só sei que nunca ambicionei o impossível ou a felicidade suprema, reconhecendo sempre as pequenas benesses e dádivas da vida, com a plena consciência de que nada é eterno. Porém, tudo muda quando somos confrontados com a perda física. Com a ausência da presença. Nasci, cresci e vivi, com as pessoas que me são mais queridas junto de mim, e mesmo aquelas que o destino por vezes teimava em levar para longe, também essas permaneciam sempre e igualmente presentes. Quando se perde uma parte tão importante de nós, como eu perdi recentemente, o mundo deixa de fazer sentido e as memórias que ficam - por muito boas que sejam - não conseguem preencher o vazio deixado por essa perda. Por vezes são como pesadelos, tal é a dor que sentimos quando se recordam. Mas essa perda traz-nos outra consciência - a de que existe a possibilidade de a dor ser ainda maior. A dor de voltarmos a perder alguém querido.

Embora nunca tenha sido pessoa de sofrer por antecipação, durante algum tempo senti essa (estranha e inquietante) necessidade. De sofrer e chorar por quem ainda não perdi, como se com isso me quisesse preparar para a dor que ainda não senti. Remeti-me ao silêncio e à introspecção. Uns dias vazia, outros preenchida. Uns dias inspirada, outros apenas apática. Acabei por me perder num caminho que não conhecia, assim como nos motivos que me levaram a escolhê-lo. Um caminho tão espinhoso, que me obrigou a parar e a reflectir sobre a continuação do seu percurso. A solução era continuar e perder-me de vez ou fazer o percurso inverso e reencontrar-me algures no caminho que ficou para trás. Escolhi  fazer o percurso de volta. De volta ao privilégio da companhia e da presença das pessoas que me rodeiam. De volta ao aceitar de novo que tudo pode mudar e à plena consciência de que nada é eterno. Um percurso de volta a mim.

A verdade está em nós - alguém disse - está no que nos rodeia. Nas pessoas, nos gestos, nas palavras. Ou simplesmente a verdade é tão somente a ilusão de que a verdade existe. Não sei. Pedi-vos tempo, espaço, compreensão. Deram-me carinho, apreço e nunca me deixaram só. Deram-me palavras de alento, de incentivo e de força. Palavras que bebi em silêncio, uma por uma. Palavras que me reconfortaram - algumas fizeram-me sorrir, outras fizeram-me chorar sorrindo. Em cada letra um reflexo, em cada reflexo um pouco de mim. Um pouco daquilo que sou. Daquilo que sei que sou.

E eu sou aquela pessoa que em delicada postura desce a rua, que ouve a música de fundo e sente a brisa suave, que é cúmplice da ave, na vontade madura de abraçar o mundo. Aquela para quem o copo está sempre meio cheio e nunca meio vazio. Aquela que acha que tudo tem um lado positivo, mesmo quando não parece.  Aquela que se reserva sempre o direito de sofrer as desilusões, dando-lhes apenas a importância que elas merecem. Assim sou eu. Assim quero continuar a ser. Obrigada a todos por não me deixarem esquecer disso e por me ajudarem a percorrer o caminho de volta. A verdade pode estar em todo o lado e em lado nenhum em simultâneo, mas há uma verdade que é incontestável - a minha verdade sou eu que a faço. Muito obrigada!

A Busca da Verdade


"Refugia-te na Arte" - diz-me Alguém - "Eleva-te num voo espiritual, esquece o teu amor, ri do teu mal, olhando-te a ti própria com desdém. Só é grande e perfeito, o que nos vem do que em nós é Divino e imortal! Cega de luz e tonta de ideal, busca em ti a verdade e em mais ninguém!"
Florbela Espanca

É o que farei. Obrigada, Florbela.

Saramago (1922 - 2010)


Sempre que morre um poeta
O mundo fica mais pobre
Sempre que se recorda um poeta
A alma fica mais nobre

Acrescento ainda, que mesmo não sendo grande conhecedora da obra deixada por José Saramago, não posso deixar de prestar a minha homenagem a um homem que sempre defendeu as suas convicções até ao fim e nunca abdicou dos seus ideais. Uma virtude que poucos possuem. Uma coragem que poucos admiram.

Helga

Janelas


 
Tenho quarenta janelas nas paredes do meu quarto. Sem vidros nem bambinelas. Posso ver através delas o mundo em que me reparto. Por uma entra a luz do Sol, por outra a luz do luar, por outra a luz das estrelas que andam no céu a rolar. Por esta entra a Via Láctea como um vapor de algodão, por aquela a luz dos homens, pela outra a escuridão...

António Gedeão

O Amor

 O AMOR

"Ao Amor e à Vida! Para que não haja mais amargura e as pessoas se tornem mais doces. Ao Amor! Para que não deixe ninguém magoar o Planeta, para que proteja as montanhas e tome conta dos bichos, para que se ocupe das estrelas, da solidão e dos velhos. Ao Amor! Para que seja infinito e possa durar para sempre. Ao Amor! Para que seja o maior desejo do mundo!"

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Manjericos de Santo António


Manjericos de Santo António
Versos que a vida leva e trás
Só queria que no meu
O tempo pudesse voltar atrás

Aos meus anos de menina e moça
Em que Alfama era luz e cor
A noite era criança
E as promessas eram de amor

Nos bailes e arraiais
Arranjar noivo não era para mim
Só queria ser livre e jovem
E continuar a dançar assim

Subir ao Castelo era da praxe
Com os amigos reunidos
Todos os becos eram paragens
Até os mais esquecidos
 
Manjericos de Santo António
Versos que a vida leva e trás
Só queria que no meu
O tempo pudesse voltar atrás

Helga

10 de Junho


Que vençais no Oriente tantos Reis,
Que de novo nos deis da Índia o Estado,
Que escureçais a fama que hão ganhado
Aqueles que a ganharam de infiéis;

Que vencidas tenhais da morte as leis,

E que vencêsseis tudo, enfim, armado,
Mais é vencer na Pátria, desarmado,
Os monstros e as Quimeras que venceis.

Sobre vencerdes, pois, tanto inimigo,

E por armas fazer que sem segundo
No mundo o vosso nome ouvido seja;

O que vos dá mais fama inda no mundo,

É vencerdes, Senhor, no Reino amigo,
Tantas ingratidões, tão grande inveja. 

 Luís Vaz de Camões

Se o Meu Corpo Fosse Teu

im@gem: olhares

Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses sentir
O meu cansaço, a minha leveza
A cor da alegria e o sabor da tristeza
 
Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses compreender
O silêncio da saudade, a dor da ausência
A brisa da paz e o peso da demência

Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses entender
Como é ser eu
Como é estar nua, ainda que vestida 
Como é estar de pé, ainda que caída


Helga

Estava Vazio (para a Fábrica de Letras)

 Imagem: HELGA

Velho e sem utilidade, foi posto no lixo. Levou com ele os momentos de descanso depois de um dia de cansaço. O silêncio da hora da sesta no pico do calor do Verão. A vida dos braços que nele repousaram e da cabeça que pendeu para adormecer ao serão. As histórias contadas à lareira numa noite de Inverno. Agora estava vazio, velho e sem utilidade. Foi posto no lixo e levou com ele as memórias e a saudade.

No âmbito do desafio de Junho para a Fábrica de Letras sobre o tema "Estava Vazio"

A Coragem

 A CORAGEM

"A Coragem vem do fundo do corpo. É uma luz em forma de bola cor-de-laranja, que gira e que empurra os medos para fora do quarto, dos cantos e dos olhos. É espessa e brilhante mesmo no escuro, parece magia. Podemos senti-la nas mãos, na cabeça, no peito. Serve para lutar contra os monstros e para defender os amigos."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Alentejo do Meu Encanto


Memórias de cor e de pranto
Searas de calma
 Que me confortam a alma


Alentejo, onde o tempo é tudo
E o coração se rende
Ao silêncio mudo


Alentejo, momentos de paz
Lugares vazios
Que o tempo deixou para trás


Alentejo, solidão que apetece
Saudade infinita
De um passado que não se esquece


Alentejo, Coimbra da minha vida
Que tem sempre mais encanto
Na hora da despedida


Texto e Imagens: HELGA

As Rosas

Imagem: HELGA

Rosas que desabrochais
Como os primeiros amores
Aos suaves resplendores matinais
Em vão ostentais, em vão
A vossa graça suprema
De pouco vale; é o dilema da ilusão

Em vão encheis de aroma o ar da tarde
Em vão abris o seio húmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos
Em vão ornais a fronte à meiga Virgem
Em vão, como penhor de puro afecto

Como um elo das almas
Passais do seio amante ao seio amante
Lá bate a hora infausta em que é força morrer
As folhas lindas perdem o viço da primeira manhã
As graças e o perfume

Rosas que sois então?
Restos perdidos
Folhas mortas que o tempo esquece e espalha
Brisa de Inverno ou mão indiferente

Tal é o vosso destino, ó filhas da natureza
Em que vos pesa a beleza, padeceis
Mas não, se a mão de um poeta
Vos cultivar agora, ó rosas
Mais vivas e mais jubilosas, floresceis

Texto: MACHADO DE ASSIS


As Cinco Fases da Dor (reposição)

Este texto é uma reposição, e se já tinha pensado em publicá-lo de novo aqui, agora faz-me todo o sentido fazê-lo.


De acordo com Elisabeth Klüber-Ross, quando sofremos uma perda catastrófica, passamos por cinco fases diferentes de dor. Começamos pela negação. A perda é tão impensável, que achamos que não pode ser verdade. Zangamo-nos com todos. Zangamo-nos connosco mesmos. E depois negociamos o que sentimos. Imploramos. Pedimos. Oferecemos tudo o que temos. Oferecemos a nossa alma em troca de apenas mais um dia. Quando a negociação falha e é difícil continuarmos zangados, entramos em depressão. Em desespero. Até que aceitamos que fizemos tudo o que podíamos. E deixamos ir. Deixamos ir e passamos à aceitação.

A dor pode ser algo que todos temos em comum, mas é diferente em cada um de nós. Não é apenas a morte que temos que chorar. É a vida! A perda! A mudança! E quando nos perguntamos porque tem de ser tão mau, porque tem de doer tanto, é quando percebemos que tudo pode mudar de repente. É assim que nos mantemos vivos. Quando dói tanto que não conseguimos respirar. É assim que sobrevivemos e continuamos.

A dor chega na altura própria para cada pessoa. A seu modo. E tudo o que podemos fazer, é tentar ser honestos. Mas o que é mesmo doloroso, a pior parte da dor, é que não conseguimos controlá-la. Por isso o melhor a fazer, é permitirmos senti-la quando chega e deixá-la partir quando conseguimos. Mas ás vezes quando pensamos que já a ultrapassámos, ela começa de novo. E de cada vez que começa... deixa-nos de rastos... sem fôlego.

Há cinco fases de dor. São diferentes em todos nós, mas são sempre cinco. Negação. Ira. Negociação. Depressão. Aceitação.

 Anatomia de Grey - série 6, episódios 1 e 2 - 'O Luto' - monólogo de introdução

Com o Coração nas Mãos de Uma Rosa


Há cerca de cinco anos aproximadamente, durante um exame de rotina, foi-me detectado um aneurisma no coração. Depois de me terem sidos explicados os riscos e a melhor forma de contornar o problema, para que pudesse fazer a minha vida de forma natural e sem complicações, agarrei-me ao meu optimismo, que me valeu alguns louvores por parte dos médicos, e sem nunca entrar em pânico, fiz uma ligeira intervenção e coloquei um pequeno dispositivo de estanque, que impede que o sangue desagúe nos meus pulmões, e desde então a minha vida tem corrido de forma serena e sem percalços de maior.

Porém inexplicavelmente, a semana passada não consegui manter a mesma postura. Nunca tinha sentido algo assim e todos os meus sintomas apontavam que estaria perante um ataque cardíaco. Tentando manter a calma, que confesso, acabei por perder num ápice, liguei para a Saúde 24, que me colocou de imediato em contacto com o 112 e 5 minutos depois estava dentro de uma ambulância a caminho do hospital, onde era esperada por uma equipa médica e onde me foram feitos todos os exames de acordo com os sintomas que apresentava. Nada! Felizmente! Não acusaram nada! Estava tudo bem comigo e com o meu coração. Foi apenas um severo ataque de ansiedade, que me deixou com o coração nas mãos e quando ficamos com o coração nas mãos, mesmo que esteja tudo bem com o mesmo, temos de parar, abrandar um pouco e ponderar o que não está bem com o resto. Perceber o que motivou uma reacção de alerta no nosso órgão principal.

Foi-me recomendado um período de repouso, não absoluto, mas moderado e prudente. Como nestas coisas de saúde sou muito bem mandada, foi o que fiz. Tirei uns dias para mim. Tentei relaxar e colocar os pesos na balança e a cabeça no lugar e aos poucos fui recuperando a minha paz e a minha tranquilidade. Porém, e como já escrevi aqui uma vez, só nos é concedido o poder de controlarmos uma pequena e ínfima parte da nossa vida, e sem que nada o possa prever, um novo desafio põe-nos mais uma vez à prova.

Quando me começava a sentir francamente melhor e mais revigorada, recebi a triste notícia do falecimento do meu avô paterno. O Pantera, como eu e as minhas irmãs carinhosamente o baptizámos desde pequenas, pelo seu olhar verde e enigmático e pela sua força e energia, deixou de rugir com a bonita idade de 95 anos, vítima de uma pneumonia, seguida de uma queda no quintal. É a vida que acontece, que passa, que deixa marcas e nos fortalece enquanto erradamente nos convencemos que ficamos mais fracos. Percebi que o meu coração, apesar de ferido pela dor e dilacerado pela perda, é mais forte do que eu pensava. Percebi que as recordações daqueles que amamos, são o que nos consolam e nos ajudam a suportar o caminho inevitável de um percurso, que todos nós iremos percorrer um dia. Sentirei a sua falta, hoje e sempre!

O mundo das lágrimas é um mundo difícil, é um universo de memórias vivas e reais, que nos perfura a alma como os espinhos de uma rosa, mas tal como Machado de Assis escreveu - Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos e há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas. Saber sorrir, no fundo é saber aceitar - tal como as rosas sabem e aceitam - que toda a sua beleza e encanto são efémeros, mas a saudade deixada por cada pétala caída, essa, jamais será esquecida.

O meu muito obrigado a todos os que na minha ausência passaram por aqui e deixaram uma palavra amiga e de conforto. É nos momentos menos bons, que reconhecemos quem nos estima. Muito Obrigada a todos!

Helga

Balanço


Tal como as pequenas e as grandes empresas precisam de fazer o seu balanço contabilístico no final de cada ano de actividade, para contabilizar os ganhos e avaliar as perdas, também eu preciso de fazer um balanço neste momento. Não contabilístico, mas pessoal. Preciso contabilizar os meus ganhos e avaliar as minhas perdas, para poder corrigir as minhas falhas. Aprender com os meus erros no fundo. Voltarei em breve, para vos ler de novo e saber das novidades. Como diria o querido Raul Solnado - Façam Favor de Ser Felizes!

Com carinho, Helga :)

A Paciência

 A PACIÊNCIA

"A Paciência é a teia dos sonhos, a chave dos mistérios do mundo, as quatro estações; Primavera, Verão, Outono e Inverno. É dar tempo ao tempo, criar, recriar. Semear e colher. Esperar pela chuva sem sentir sede. Contar as estrelas todas do céu sem desistir."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Chuva de Mimos

Ao longo do último mês, fui presenteada com alguns miminhos muito especiais por parte de alguns blogueiros que me seguem. E como a época é de troca e de interacção, vou finalmente partilhá-los com outros blogueiros, igualmente importantes e especiais para mim.


O primeiro, oferecido pela Irina, a quem agradeço a gentileza e a lembrança. Este selo traz com ele um pequeno desafio, que eu tomei a liberdade de alterar um pouquinho (só um pouquinho) e é o seguinte:

1. Flor Preferida: 
A papoila! Mas também adoro o Malmequer e a Tulipa.

2. Mezinha Caseira: 
Nada como um caldo de farinha crua para curar o turbilhão nos intestinos, que nos provoca tanto mau estar e incómodo, que é como quem diz - a diarreia. Duas ou três colheres de farinha bem diluídas num pouco de água fria, duas ou três vezes ao dia e já está. É remédio santo! Experimentem! 

3. Nomear 6 Blogues: 
Vou nomear aqueles que de alguma forma, foram uma referência para mim quando cheguei à blogosfera, pois considero-os para além de clássicos, muito inspiradores.
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Mais uma gentileza da Irina e também traz um pequeno desafio, que tal como o anterior também alterei um pouco, pois nomear apenas 3 ou 4 blogues parece-me sempre muito pouco. Este desafio diz assim:


1. Enumerar 3 Sonhos
Escrever um livro, conhecer Itália, terminar os meus dias no Alentejo.

2. Enumerar 3 pecados/tentações: 
Chocolate de leite, chocolate negro e chocolate branco. Sorry, mas não resisto a nenhum deles!

3. Comentar no blogue criador do selo: 
No criador não sei, mas em quem mo ofereceu, sem dúvida.

4. Nomear 14 blogues espectaculares: 


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Este selo é um selo muito especial. Foi criado pela Fê-blue Bird do blogue  Só Te Peço 5 Minutos e fiquei muito lisonjeada por ter sido presenteada com ele. É um blogue que merece muito mais do que apenas 5 minutos. Vale a pena ficar por lá! Obrigada Fê! Adorei o selo e adoro o teu blogue!

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Este magnífico selo foi uma distinção do Junior Vilanova do blogue Contactos Imediatos e da Olga do blogue Pensamentos, Ideias e Sonhos, e segundo eles - trata-se de um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega, ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. - Posto isto só tenho que agradecer de coração, o facto deste blogue ter  sido reconhecido como tal. Muito obrigada ao Jr e à Olga! 

A única regra deste selo, é distinguir 15 outros blogues.
Os meus escolhidos, segundo os critérios deste selo, são:
Paradoxos

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E por fim, mas não menos importante, este selo que me foi oferecido pela Jucci do blogue Compromisso com o Acaso a quem agradeço muito pelo carinho. Apesar de ter sido atribuído ao meu outro blogue (Planícies da Imaginação), publico-o aqui, pois adorei a sua mensagem de persistência e luta. O desafio consiste em:

1. Dizer dois defeitos meus: 
Preguiça e falta de pontualidade.

2. Dizer duas qualidades minhas: 
Optimismo e sentido de humor.

2. Dizer uma música que seja a Banda Sonora da Minha Vida: 
'The Time of My Life' - Dirty Dancing

3. Dizer uma frase ou pensamento que uso como lema: 
'Faz tudo como se te contemplassem' - Não sei o nome do autor.

5. Passar o selo a 6 blogues: 
Vou passá-lo a 6 blogueiras lutadoras e inspiradoras.


Um beijinho, Helga :)

Entre Mis Recuerdos

Porque há dias em que a chuva também cai na nossa memória.
Recordações que nos inundam de saudade.
Nostalgias que nos abraçam e nos lembram quem somos.


Cuando la pena cae sobre mi
El mundo deja ya de existir
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Para encontrar la niña que fui
Y algo de todo lo que perdí
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos

Sueño con noches brillantes al borde
De un mar de aguas claras y puras
Y un aire cubierto de azahar
Cada momento era especial
Días de prisas, tardes de paz
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos

Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Con el veneno sobre mi piel
Frente a las sombras de la pared
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Y si las lagrimas vuelven
Ellas me harán más fuerte

Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Cuando la pena cae sobre mi
Quiero encontrar aquello que fui
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Vuelvo hacia atrás y busco entre mis recuerdos

(Luz Casal)

A Princesa que Acreditava em Contos de Fadas

A vida é vivida quando se olha em frente, mas é compreendida quando se olha para trás. 


'A Princesa que Acreditava em Contos de Fadas' de Marcia Grad (psicóloga), foi-me recomendado pela Pedrasnuas e é um livro sobre a procura da verdade e pelas respostas aos porquês da vida. Uma história que nos revela que a felicidade é uma escolha e que os contos de fadas podem mesmo tornar-se realidade, muito embora nem sempre se concretizem do modo que inicialmente os idealizámos. Uma viagem emocionante pelos sinuosos caminhos da vida, da qual destaco algumas passagens do Manuscrito Sagrado desta Princesa, que aprendeu que o direito ao respeito, é muitas vezes sobreposto pela necessidade de sermos amados e que permitir que os juízos dos outros, sejam mais importantes que os nossos próprios juízos, é abandonar o nosso poder. Uma pequena lição de vida que recomendo vivamente.

Tal como o mar avança e recua, também nós avançamos e recuamos com a maré da vida (...) Nos braços da fraqueza está a força, ansiosa por se libertar. Na opressão da dor está o prazer, esperando apenas ser. E no caminho dos obstáculos está a oportunidade (...) A experiência nem sempre é a verdade, pois é colorida pelos olhos através dos quais é vista. É no silêncio da nossa mente que ouvimos a verdade (...) Cada novo momento é um banquete de possibilidades novas. (...) E tudo o que é, em breve será tudo o que foi. 

Paixão (para a Fábrica de Letras)


Tenho paixão pelo mar
Pelo toque da areia dourada 
Pelo cheiro da brisa marinha
Pelo voo livre das gaivotas

Tenho paixão pelo campo e pelas flores
Pelo entardecer fogoso sobre uma seara de trigo
Pela sombra fresca de uma oliveira
Pelo beleza única de um céu estrelado

Tenho paixão pelas crianças
Pela ternura contagiante do seu riso
Pelo carinho das suas mãozinhas pequenas e macias
Pela inocência do seu olhar cheio de esperança

Tenho paixão pelos animais
Pelo seu coração puro e honesta compaixão
Pela sua absoluta beleza e lealdade

Tenho paixão pela música
Pelas teclas de um piano
Pelas cordas de uma guitarra

Tenho paixão pelos livros
Pelas palavras, pelos poemas
Pelas memórias que guardei
Pelas histórias que inventei

Tenho paixão por uma tarde de chuva
Por uma manhã de sol e pela brisa do vento
Pelo cheiro do café e da terra molhada
Pelas bolas de sabão e pelas cores do arco-íris

Tenho paixão pela vida
E tenho paixão por ti
Pelo teu olhar que me contempla
Pela tua boca que me beija
Pelo teu abraço que me enlaça

(Helga)

No âmbito do desafio de Maio para a Fábrica de Letras 'Paixão'

Promessa


Tu e eu, fomos feitos um para o outro
Como a noite para o dia
E todo o Amor do mundo
Para nós ainda é pouco
Eu sou canção tu melodia

E nunca ninguém nos vai poder separar

Pois ninguém separa a terra do mar
Prometo que vou estar sempre aqui
A um passo de ti

Tu e eu, somos fruto da mesma flor
E de ao pé de ti nunca vou sair
Tu e eu, vivemos num mundo melhor
Que só quem ama pode construir

Quando quiseres sonhar comigo

Onde estiveres eu estou contigo
Perto da vista do coração
Até ao fim ...
Prometo que sim

(Paula Teixeira)

Para Terminar Abril


"Tenho pensamentos, que se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."

(Fernando Pessoa)

e-mails...

Dos e-mails recibos hoje, destaco este:


Tudo depende da posição

Fazê-lo parado fortalece a coluna, de barriga para baixo estimula a circulação do sangue. De barriga para cima é mais agradável. Fazê-lo sozinho é enriquecedor, mas egoísta. Em grupo pode ser divertido. No w.c. é muito digestivo. No automóvel pode ser perigoso…
Fazê-lo com frequência desenvolve a imaginação. A dois, enriquece o conhecimento, de joelhos, torna-se doloroso…
Enfim, sobre a mesa ou sobre ao secretária, antes de comer ou à sobremesa, sobre a cama ou numa rede, despidos ou vestidos, na relva ou sobre o tapete, com música ou em silêncio, entre lençóis ou no roupeiro. Fazê-lo é sempre um acto de amor e de enriquecimento. Não importa a idade, nem a raça, nem o credo, nem o sexo, nem a posição económica... ler é um prazer!

Uma picadinha do Melga :)

36 Anos Depois


O que faz falta é acordar a malta! O que faz falta.
O que faz falta é libertar a malta! O que faz falta.

(Zeca Afonso)

Dia Mundial do Livro


Nos livros que já li
fui Princesa, fui Guerreira
fui Pirata e Salteadora
fui menina assustada
fui tudo e não fui nada 

Nos livros que já li, sofri, chorei e ri
Senti emoções emprestadas
De vidas sonhadas e malfadadas
 Sonhei, viajei e aprendi

Nos livros que já li
Fui eu e apenas eu
Quem deu vida ás palavras
Escritas por quem, um dia as viveu

Helga

A Paz

A PAZ

"A Paz é de algodão como as nuvens, é doce e não pesa. Lá dentro, podemos correr de braços abertos, trocar segredos com Deus e perdoar as ofensas. A Paz não magoa, não arde, não seca. Damos-lhe a mão e leva-nos onde pedirmos. Quando ficamos em paz, ouvimos as fadas. Ouvimos as mães a falar em voz baixa, os pais a cantar e a água alisando as pedras do rio."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Visto do Céu

A história de uma vida e de tudo o que vem depois...


Acabei de ler mais um livro fantástico - "Visto do Céu" de Alice Sebold - recentemente adaptado para o cinema. Uma narrativa absolutamente enternecedora e comovente, pelo olhar de uma adolescente (assassinada aos 14 anos) que nos conta a história da vida que deixou na terra, vista do céu. Como referência escolhi este trecho, em que Susie, a personagem, descreve esse mesmo céu, o seu céu, com uma simplicidade que me comoveu.

"Agora, estou num sítio a que chamo o Céu Imenso, porque inclui todos os meus desejos mais simples e também os mais humildes e os mais grandiosos. A palavra que o meu avô usa é conforto. Portanto, existem bolos e almofadas e uma enorme variedade de cores, mas debaixo dessa mais óbvia manta de retalhos, há sítios como uma sala tranquila, onde podemos entrar e dar a mão a alguém sem precisar de falar. Sem contar uma história. Sem fazer exigências. Onde podemos viver à nossa maneira durante o tempo que quisermos. Este Céu Imenso tem a ver com pregos de cabeça chata e a macia penugem de folhas novas, com corridas em montanhas-russas e berlindes que fogem e caem e ficam pendurados, e depois nos levam a sítios impossíveis de imaginar nos sonhos do céu pequeno."

Frases do Cinema

"Por vezes cruzamo-nos com o destino no caminho que escolhemos para o evitar"


Mestre Oogway em 'O Panda do Kung-Fu'

O Cão que tinha um gato dentro dele

Porque há dias em que nos sentimos assim... 
Contrários ao que somos ou tão somente ao que pensamos ser
Dias de conflito interior e de busca pela nossa identidade
Dias de silêncio, num grito a duas vozes
Dias em que nós somos os outros e os outros somos nós


Helga

Desejo


Gosto de analisar tudo. Gosto de tentar perceber porque fazemos o que fazemos e a forma como o fazemos. Gosto de descrever emoções, principalmente as que não conheço, e tentar imaginar o que sente quem as vive. O desconhecido fascina-me e aquilo que ainda não aprendi, fascina-me ainda mais. Foi no meio das minhas intermináveis analogias, que me ocorreu definir a palavra desejo. Foi a primeira palavra que me veio à mente assim do nada - podia ter sido outra qualquer - mas foi esta e contrariamente ao que sempre faço, não perdi muito tempo a analisar o porquê da minha escolha. Queria apenas escrever qualquer coisa e sentir as palavras.

Definir desejo. Não vai ser difícil - disse para mim - enquanto tentava encontrar as palavras que melhor definissem o meu pequeno grande desafio. Pensei mais um pouco, alguma coisa havia de surgir. Alguma coisa do tipo; desejo é uma atracção física, uma vontade maior e inexplicável, saudade talvez. Não! Tinha que ser muito mais do que isso, e não pensei mais, pois percebi que desejo não se define. Sente-se. Vive-se. Enlouquece. Queima-nos a pele e tolda-nos a razão. Desejo é loucura. É paixão. É chama que arde mesmo depois de apagada. Desejo és tu, quando olho para ti. Não há palavras que definam o teu sorriso e o quanto ele me ilumina e me conforta. Não há analogia que analise a intensidade do teu olhar e a forma como ele me contempla, como se eu fosse única, tal como tu és único. Não há outra boca que eu queira beijar, outro corpo que eu queira junto ao meu, nem outro ser que eu queira amar. Se isso não é desejo, não sei o que possa ser. Demência talvez...
Helga

Não Perdi Nada


"... e de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares

Apenas o que é Bom de guardar


Estarei na brisa do vento e no cheiro do mar
Nos pingos de chuva e nas folhas de Outono
Estarei nas manhãs de Primavera 
E no entardecer de um dia de Verão

Levarei comigo a saudade e as lágrimas de riso
Os beijos que enlouquecem e o olhar que vibra
Levarei comigo tudo o que não se esquece
Guardarei apenas o que é bom de guardar

Texto e imagem: Helga