As Rosas

Imagem: HELGA

Rosas que desabrochais
Como os primeiros amores
Aos suaves resplendores matinais
Em vão ostentais, em vão
A vossa graça suprema
De pouco vale; é o dilema da ilusão

Em vão encheis de aroma o ar da tarde
Em vão abris o seio húmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos
Em vão ornais a fronte à meiga Virgem
Em vão, como penhor de puro afecto

Como um elo das almas
Passais do seio amante ao seio amante
Lá bate a hora infausta em que é força morrer
As folhas lindas perdem o viço da primeira manhã
As graças e o perfume

Rosas que sois então?
Restos perdidos
Folhas mortas que o tempo esquece e espalha
Brisa de Inverno ou mão indiferente

Tal é o vosso destino, ó filhas da natureza
Em que vos pesa a beleza, padeceis
Mas não, se a mão de um poeta
Vos cultivar agora, ó rosas
Mais vivas e mais jubilosas, floresceis

Texto: MACHADO DE ASSIS


As Cinco Fases da Dor (reposição)

Este texto é uma reposição, e se já tinha pensado em publicá-lo de novo aqui, agora faz-me todo o sentido fazê-lo.


De acordo com Elisabeth Klüber-Ross, quando sofremos uma perda catastrófica, passamos por cinco fases diferentes de dor. Começamos pela negação. A perda é tão impensável, que achamos que não pode ser verdade. Zangamo-nos com todos. Zangamo-nos connosco mesmos. E depois negociamos o que sentimos. Imploramos. Pedimos. Oferecemos tudo o que temos. Oferecemos a nossa alma em troca de apenas mais um dia. Quando a negociação falha e é difícil continuarmos zangados, entramos em depressão. Em desespero. Até que aceitamos que fizemos tudo o que podíamos. E deixamos ir. Deixamos ir e passamos à aceitação.

A dor pode ser algo que todos temos em comum, mas é diferente em cada um de nós. Não é apenas a morte que temos que chorar. É a vida! A perda! A mudança! E quando nos perguntamos porque tem de ser tão mau, porque tem de doer tanto, é quando percebemos que tudo pode mudar de repente. É assim que nos mantemos vivos. Quando dói tanto que não conseguimos respirar. É assim que sobrevivemos e continuamos.

A dor chega na altura própria para cada pessoa. A seu modo. E tudo o que podemos fazer, é tentar ser honestos. Mas o que é mesmo doloroso, a pior parte da dor, é que não conseguimos controlá-la. Por isso o melhor a fazer, é permitirmos senti-la quando chega e deixá-la partir quando conseguimos. Mas ás vezes quando pensamos que já a ultrapassámos, ela começa de novo. E de cada vez que começa... deixa-nos de rastos... sem fôlego.

Há cinco fases de dor. São diferentes em todos nós, mas são sempre cinco. Negação. Ira. Negociação. Depressão. Aceitação.

 Anatomia de Grey - série 6, episódios 1 e 2 - 'O Luto' - monólogo de introdução

Com o Coração nas Mãos de Uma Rosa


Há cerca de cinco anos aproximadamente, durante um exame de rotina, foi-me detectado um aneurisma no coração. Depois de me terem sidos explicados os riscos e a melhor forma de contornar o problema, para que pudesse fazer a minha vida de forma natural e sem complicações, agarrei-me ao meu optimismo, que me valeu alguns louvores por parte dos médicos, e sem nunca entrar em pânico, fiz uma ligeira intervenção e coloquei um pequeno dispositivo de estanque, que impede que o sangue desagúe nos meus pulmões, e desde então a minha vida tem corrido de forma serena e sem percalços de maior.

Porém inexplicavelmente, a semana passada não consegui manter a mesma postura. Nunca tinha sentido algo assim e todos os meus sintomas apontavam que estaria perante um ataque cardíaco. Tentando manter a calma, que confesso, acabei por perder num ápice, liguei para a Saúde 24, que me colocou de imediato em contacto com o 112 e 5 minutos depois estava dentro de uma ambulância a caminho do hospital, onde era esperada por uma equipa médica e onde me foram feitos todos os exames de acordo com os sintomas que apresentava. Nada! Felizmente! Não acusaram nada! Estava tudo bem comigo e com o meu coração. Foi apenas um severo ataque de ansiedade, que me deixou com o coração nas mãos e quando ficamos com o coração nas mãos, mesmo que esteja tudo bem com o mesmo, temos de parar, abrandar um pouco e ponderar o que não está bem com o resto. Perceber o que motivou uma reacção de alerta no nosso órgão principal.

Foi-me recomendado um período de repouso, não absoluto, mas moderado e prudente. Como nestas coisas de saúde sou muito bem mandada, foi o que fiz. Tirei uns dias para mim. Tentei relaxar e colocar os pesos na balança e a cabeça no lugar e aos poucos fui recuperando a minha paz e a minha tranquilidade. Porém, e como já escrevi aqui uma vez, só nos é concedido o poder de controlarmos uma pequena e ínfima parte da nossa vida, e sem que nada o possa prever, um novo desafio põe-nos mais uma vez à prova.

Quando me começava a sentir francamente melhor e mais revigorada, recebi a triste notícia do falecimento do meu avô paterno. O Pantera, como eu e as minhas irmãs carinhosamente o baptizámos desde pequenas, pelo seu olhar verde e enigmático e pela sua força e energia, deixou de rugir com a bonita idade de 95 anos, vítima de uma pneumonia, seguida de uma queda no quintal. É a vida que acontece, que passa, que deixa marcas e nos fortalece enquanto erradamente nos convencemos que ficamos mais fracos. Percebi que o meu coração, apesar de ferido pela dor e dilacerado pela perda, é mais forte do que eu pensava. Percebi que as recordações daqueles que amamos, são o que nos consolam e nos ajudam a suportar o caminho inevitável de um percurso, que todos nós iremos percorrer um dia. Sentirei a sua falta, hoje e sempre!

O mundo das lágrimas é um mundo difícil, é um universo de memórias vivas e reais, que nos perfura a alma como os espinhos de uma rosa, mas tal como Machado de Assis escreveu - Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos e há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas. Saber sorrir, no fundo é saber aceitar - tal como as rosas sabem e aceitam - que toda a sua beleza e encanto são efémeros, mas a saudade deixada por cada pétala caída, essa, jamais será esquecida.

O meu muito obrigado a todos os que na minha ausência passaram por aqui e deixaram uma palavra amiga e de conforto. É nos momentos menos bons, que reconhecemos quem nos estima. Muito Obrigada a todos!

Helga

Balanço


Tal como as pequenas e as grandes empresas precisam de fazer o seu balanço contabilístico no final de cada ano de actividade, para contabilizar os ganhos e avaliar as perdas, também eu preciso de fazer um balanço neste momento. Não contabilístico, mas pessoal. Preciso contabilizar os meus ganhos e avaliar as minhas perdas, para poder corrigir as minhas falhas. Aprender com os meus erros no fundo. Voltarei em breve, para vos ler de novo e saber das novidades. Como diria o querido Raul Solnado - Façam Favor de Ser Felizes!

Com carinho, Helga :)

A Paciência

 A PACIÊNCIA

"A Paciência é a teia dos sonhos, a chave dos mistérios do mundo, as quatro estações; Primavera, Verão, Outono e Inverno. É dar tempo ao tempo, criar, recriar. Semear e colher. Esperar pela chuva sem sentir sede. Contar as estrelas todas do céu sem desistir."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Chuva de Mimos

Ao longo do último mês, fui presenteada com alguns miminhos muito especiais por parte de alguns blogueiros que me seguem. E como a época é de troca e de interacção, vou finalmente partilhá-los com outros blogueiros, igualmente importantes e especiais para mim.


O primeiro, oferecido pela Irina, a quem agradeço a gentileza e a lembrança. Este selo traz com ele um pequeno desafio, que eu tomei a liberdade de alterar um pouquinho (só um pouquinho) e é o seguinte:

1. Flor Preferida: 
A papoila! Mas também adoro o Malmequer e a Tulipa.

2. Mezinha Caseira: 
Nada como um caldo de farinha crua para curar o turbilhão nos intestinos, que nos provoca tanto mau estar e incómodo, que é como quem diz - a diarreia. Duas ou três colheres de farinha bem diluídas num pouco de água fria, duas ou três vezes ao dia e já está. É remédio santo! Experimentem! 

3. Nomear 6 Blogues: 
Vou nomear aqueles que de alguma forma, foram uma referência para mim quando cheguei à blogosfera, pois considero-os para além de clássicos, muito inspiradores.
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Mais uma gentileza da Irina e também traz um pequeno desafio, que tal como o anterior também alterei um pouco, pois nomear apenas 3 ou 4 blogues parece-me sempre muito pouco. Este desafio diz assim:


1. Enumerar 3 Sonhos
Escrever um livro, conhecer Itália, terminar os meus dias no Alentejo.

2. Enumerar 3 pecados/tentações: 
Chocolate de leite, chocolate negro e chocolate branco. Sorry, mas não resisto a nenhum deles!

3. Comentar no blogue criador do selo: 
No criador não sei, mas em quem mo ofereceu, sem dúvida.

4. Nomear 14 blogues espectaculares: 


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Este selo é um selo muito especial. Foi criado pela Fê-blue Bird do blogue  Só Te Peço 5 Minutos e fiquei muito lisonjeada por ter sido presenteada com ele. É um blogue que merece muito mais do que apenas 5 minutos. Vale a pena ficar por lá! Obrigada Fê! Adorei o selo e adoro o teu blogue!

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Este magnífico selo foi uma distinção do Junior Vilanova do blogue Contactos Imediatos e da Olga do blogue Pensamentos, Ideias e Sonhos, e segundo eles - trata-se de um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega, ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. - Posto isto só tenho que agradecer de coração, o facto deste blogue ter  sido reconhecido como tal. Muito obrigada ao Jr e à Olga! 

A única regra deste selo, é distinguir 15 outros blogues.
Os meus escolhidos, segundo os critérios deste selo, são:
Paradoxos

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E por fim, mas não menos importante, este selo que me foi oferecido pela Jucci do blogue Compromisso com o Acaso a quem agradeço muito pelo carinho. Apesar de ter sido atribuído ao meu outro blogue (Planícies da Imaginação), publico-o aqui, pois adorei a sua mensagem de persistência e luta. O desafio consiste em:

1. Dizer dois defeitos meus: 
Preguiça e falta de pontualidade.

2. Dizer duas qualidades minhas: 
Optimismo e sentido de humor.

2. Dizer uma música que seja a Banda Sonora da Minha Vida: 
'The Time of My Life' - Dirty Dancing

3. Dizer uma frase ou pensamento que uso como lema: 
'Faz tudo como se te contemplassem' - Não sei o nome do autor.

5. Passar o selo a 6 blogues: 
Vou passá-lo a 6 blogueiras lutadoras e inspiradoras.


Um beijinho, Helga :)

Entre Mis Recuerdos

Porque há dias em que a chuva também cai na nossa memória.
Recordações que nos inundam de saudade.
Nostalgias que nos abraçam e nos lembram quem somos.


Cuando la pena cae sobre mi
El mundo deja ya de existir
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Para encontrar la niña que fui
Y algo de todo lo que perdí
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos

Sueño con noches brillantes al borde
De un mar de aguas claras y puras
Y un aire cubierto de azahar
Cada momento era especial
Días de prisas, tardes de paz
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos

Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Con el veneno sobre mi piel
Frente a las sombras de la pared
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Y si las lagrimas vuelven
Ellas me harán más fuerte

Yo quisiera volver a encontrar la pureza
Nostalgia de tanta inocencia que tan poco tiempo duró
Cuando la pena cae sobre mi
Quiero encontrar aquello que fui
Miro hacia atrás y busco entre mis recuerdos
Vuelvo hacia atrás y busco entre mis recuerdos

(Luz Casal)

A Princesa que Acreditava em Contos de Fadas

A vida é vivida quando se olha em frente, mas é compreendida quando se olha para trás. 


'A Princesa que Acreditava em Contos de Fadas' de Marcia Grad (psicóloga), foi-me recomendado pela Pedrasnuas e é um livro sobre a procura da verdade e pelas respostas aos porquês da vida. Uma história que nos revela que a felicidade é uma escolha e que os contos de fadas podem mesmo tornar-se realidade, muito embora nem sempre se concretizem do modo que inicialmente os idealizámos. Uma viagem emocionante pelos sinuosos caminhos da vida, da qual destaco algumas passagens do Manuscrito Sagrado desta Princesa, que aprendeu que o direito ao respeito, é muitas vezes sobreposto pela necessidade de sermos amados e que permitir que os juízos dos outros, sejam mais importantes que os nossos próprios juízos, é abandonar o nosso poder. Uma pequena lição de vida que recomendo vivamente.

Tal como o mar avança e recua, também nós avançamos e recuamos com a maré da vida (...) Nos braços da fraqueza está a força, ansiosa por se libertar. Na opressão da dor está o prazer, esperando apenas ser. E no caminho dos obstáculos está a oportunidade (...) A experiência nem sempre é a verdade, pois é colorida pelos olhos através dos quais é vista. É no silêncio da nossa mente que ouvimos a verdade (...) Cada novo momento é um banquete de possibilidades novas. (...) E tudo o que é, em breve será tudo o que foi. 

Paixão (para a Fábrica de Letras)


Tenho paixão pelo mar
Pelo toque da areia dourada 
Pelo cheiro da brisa marinha
Pelo voo livre das gaivotas

Tenho paixão pelo campo e pelas flores
Pelo entardecer fogoso sobre uma seara de trigo
Pela sombra fresca de uma oliveira
Pelo beleza única de um céu estrelado

Tenho paixão pelas crianças
Pela ternura contagiante do seu riso
Pelo carinho das suas mãozinhas pequenas e macias
Pela inocência do seu olhar cheio de esperança

Tenho paixão pelos animais
Pelo seu coração puro e honesta compaixão
Pela sua absoluta beleza e lealdade

Tenho paixão pela música
Pelas teclas de um piano
Pelas cordas de uma guitarra

Tenho paixão pelos livros
Pelas palavras, pelos poemas
Pelas memórias que guardei
Pelas histórias que inventei

Tenho paixão por uma tarde de chuva
Por uma manhã de sol e pela brisa do vento
Pelo cheiro do café e da terra molhada
Pelas bolas de sabão e pelas cores do arco-íris

Tenho paixão pela vida
E tenho paixão por ti
Pelo teu olhar que me contempla
Pela tua boca que me beija
Pelo teu abraço que me enlaça

(Helga)

No âmbito do desafio de Maio para a Fábrica de Letras 'Paixão'

Promessa


Tu e eu, fomos feitos um para o outro
Como a noite para o dia
E todo o Amor do mundo
Para nós ainda é pouco
Eu sou canção tu melodia

E nunca ninguém nos vai poder separar

Pois ninguém separa a terra do mar
Prometo que vou estar sempre aqui
A um passo de ti

Tu e eu, somos fruto da mesma flor
E de ao pé de ti nunca vou sair
Tu e eu, vivemos num mundo melhor
Que só quem ama pode construir

Quando quiseres sonhar comigo

Onde estiveres eu estou contigo
Perto da vista do coração
Até ao fim ...
Prometo que sim

(Paula Teixeira)