A Busca da Verdade


"Refugia-te na Arte" - diz-me Alguém - "Eleva-te num voo espiritual, esquece o teu amor, ri do teu mal, olhando-te a ti própria com desdém. Só é grande e perfeito, o que nos vem do que em nós é Divino e imortal! Cega de luz e tonta de ideal, busca em ti a verdade e em mais ninguém!"
Florbela Espanca

É o que farei. Obrigada, Florbela.

Saramago (1922 - 2010)


Sempre que morre um poeta
O mundo fica mais pobre
Sempre que se recorda um poeta
A alma fica mais nobre

Acrescento ainda, que mesmo não sendo grande conhecedora da obra deixada por José Saramago, não posso deixar de prestar a minha homenagem a um homem que sempre defendeu as suas convicções até ao fim e nunca abdicou dos seus ideais. Uma virtude que poucos possuem. Uma coragem que poucos admiram.

Helga

Janelas


 
Tenho quarenta janelas nas paredes do meu quarto. Sem vidros nem bambinelas. Posso ver através delas o mundo em que me reparto. Por uma entra a luz do Sol, por outra a luz do luar, por outra a luz das estrelas que andam no céu a rolar. Por esta entra a Via Láctea como um vapor de algodão, por aquela a luz dos homens, pela outra a escuridão...

António Gedeão

O Amor

 O AMOR

"Ao Amor e à Vida! Para que não haja mais amargura e as pessoas se tornem mais doces. Ao Amor! Para que não deixe ninguém magoar o Planeta, para que proteja as montanhas e tome conta dos bichos, para que se ocupe das estrelas, da solidão e dos velhos. Ao Amor! Para que seja infinito e possa durar para sempre. Ao Amor! Para que seja o maior desejo do mundo!"

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Manjericos de Santo António


Manjericos de Santo António
Versos que a vida leva e trás
Só queria que no meu
O tempo pudesse voltar atrás

Aos meus anos de menina e moça
Em que Alfama era luz e cor
A noite era criança
E as promessas eram de amor

Nos bailes e arraiais
Arranjar noivo não era para mim
Só queria ser livre e jovem
E continuar a dançar assim

Subir ao Castelo era da praxe
Com os amigos reunidos
Todos os becos eram paragens
Até os mais esquecidos
 
Manjericos de Santo António
Versos que a vida leva e trás
Só queria que no meu
O tempo pudesse voltar atrás

Helga

10 de Junho


Que vençais no Oriente tantos Reis,
Que de novo nos deis da Índia o Estado,
Que escureçais a fama que hão ganhado
Aqueles que a ganharam de infiéis;

Que vencidas tenhais da morte as leis,

E que vencêsseis tudo, enfim, armado,
Mais é vencer na Pátria, desarmado,
Os monstros e as Quimeras que venceis.

Sobre vencerdes, pois, tanto inimigo,

E por armas fazer que sem segundo
No mundo o vosso nome ouvido seja;

O que vos dá mais fama inda no mundo,

É vencerdes, Senhor, no Reino amigo,
Tantas ingratidões, tão grande inveja. 

 Luís Vaz de Camões

Se o Meu Corpo Fosse Teu

im@gem: olhares

Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses sentir
O meu cansaço, a minha leveza
A cor da alegria e o sabor da tristeza
 
Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses compreender
O silêncio da saudade, a dor da ausência
A brisa da paz e o peso da demência

Se o meu corpo fosse teu
Talvez pudesses entender
Como é ser eu
Como é estar nua, ainda que vestida 
Como é estar de pé, ainda que caída


Helga

Estava Vazio (para a Fábrica de Letras)

 Imagem: HELGA

Velho e sem utilidade, foi posto no lixo. Levou com ele os momentos de descanso depois de um dia de cansaço. O silêncio da hora da sesta no pico do calor do Verão. A vida dos braços que nele repousaram e da cabeça que pendeu para adormecer ao serão. As histórias contadas à lareira numa noite de Inverno. Agora estava vazio, velho e sem utilidade. Foi posto no lixo e levou com ele as memórias e a saudade.

No âmbito do desafio de Junho para a Fábrica de Letras sobre o tema "Estava Vazio"

A Coragem

 A CORAGEM

"A Coragem vem do fundo do corpo. É uma luz em forma de bola cor-de-laranja, que gira e que empurra os medos para fora do quarto, dos cantos e dos olhos. É espessa e brilhante mesmo no escuro, parece magia. Podemos senti-la nas mãos, na cabeça, no peito. Serve para lutar contra os monstros e para defender os amigos."

Do livro infantil "PEDE UM DESEJO" de Inês de Barros Baptista

Alentejo do Meu Encanto


Memórias de cor e de pranto
Searas de calma
 Que me confortam a alma


Alentejo, onde o tempo é tudo
E o coração se rende
Ao silêncio mudo


Alentejo, momentos de paz
Lugares vazios
Que o tempo deixou para trás


Alentejo, solidão que apetece
Saudade infinita
De um passado que não se esquece


Alentejo, Coimbra da minha vida
Que tem sempre mais encanto
Na hora da despedida


Texto e Imagens: HELGA