As Cinco Fases da Dor (reposição)

Este texto é uma reposição, e se já tinha pensado em publicá-lo de novo aqui, agora faz-me todo o sentido fazê-lo.


De acordo com Elisabeth Klüber-Ross, quando sofremos uma perda catastrófica, passamos por cinco fases diferentes de dor. Começamos pela negação. A perda é tão impensável, que achamos que não pode ser verdade. Zangamo-nos com todos. Zangamo-nos connosco mesmos. E depois negociamos o que sentimos. Imploramos. Pedimos. Oferecemos tudo o que temos. Oferecemos a nossa alma em troca de apenas mais um dia. Quando a negociação falha e é difícil continuarmos zangados, entramos em depressão. Em desespero. Até que aceitamos que fizemos tudo o que podíamos. E deixamos ir. Deixamos ir e passamos à aceitação.

A dor pode ser algo que todos temos em comum, mas é diferente em cada um de nós. Não é apenas a morte que temos que chorar. É a vida! A perda! A mudança! E quando nos perguntamos porque tem de ser tão mau, porque tem de doer tanto, é quando percebemos que tudo pode mudar de repente. É assim que nos mantemos vivos. Quando dói tanto que não conseguimos respirar. É assim que sobrevivemos e continuamos.

A dor chega na altura própria para cada pessoa. A seu modo. E tudo o que podemos fazer, é tentar ser honestos. Mas o que é mesmo doloroso, a pior parte da dor, é que não conseguimos controlá-la. Por isso o melhor a fazer, é permitirmos senti-la quando chega e deixá-la partir quando conseguimos. Mas ás vezes quando pensamos que já a ultrapassámos, ela começa de novo. E de cada vez que começa... deixa-nos de rastos... sem fôlego.

Há cinco fases de dor. São diferentes em todos nós, mas são sempre cinco. Negação. Ira. Negociação. Depressão. Aceitação.

 Anatomia de Grey - série 6, episódios 1 e 2 - 'O Luto' - monólogo de introdução

26 comentários:

Jr Vilanova disse...

Pois é, amiga... essas são informações MUITO importantes, até porque, por mais que essa seja a nossa única certeza, não sabemos nos preparar para lidar com a morte... é como se a ignorando pudéssemos evitá-la, mas infelizmente a realidade é outra!

Desejo que o tempo lhe ajuda a seguir suas fases da melhor maneira possível!

Um abraço fraternal.
Jr.

Helga Piçarra disse...

Jr, a forma como cada um encara a morte, seria um assunto que daria um debate interminável. Depende da cultura e da crença de cada pessoa. Eu pessoalmente, sou da opinião, que mesmo quando a morte é anunciada por uma doença grave ou pela idade avançada, quando acontece, nunca se está preparado para a aceitar.

Desde que vi estes episódios desta magnífica série (Anatomia de Grey), que guardei este texto para mim. Ele não é de forma nenhuma um estereotipo da dor, mas creio que ilustra muito bem o que cada um de nós sente, mais cedo, mais tarde, com mais ou menos intensidade e com mais ou menos aceitação.

Mais uma vez o meu muito obrigada pela tua presença sempre constante e carinhosa. É um prazer ter-te por aqui. Em breve irei saber das últimas do 'Contactos' e comentar com a atenção que os teus post's merecem e com a qual eu gosto sempre de os comentar.

Um beijinho e um abraço
Helga

Fê blue bird disse...

Amiga:
Conforme acabei de comentar no seu post anterior, já deduziu que sei bem o que este completo texto diz.
Sei porque já senti e vivi tudo o que lá está escrito.
Cheguei mesmo ao fundo do poço,até que um dia decidi, que ou desistia ou subia o poço.
Decidi subir e abençoo todos o dias por essa escolha.
Aqui,tenho encontrado pessoas maravilhosas, que me ajudam também com os seus testemunhos e exemplos.
Continue pois a subir, sempre!
Um beijinho
~Fê

Olga Mendes disse...

Fascinante, nunca me tinha apercebido deste facto. Obrigada pelo ensinamento. Beijinhos.

Pena disse...

Preciosa Amiguinha Doce:
Olhe, estou aqui para ajudar na sua dor e sofrimento.
É um Ser Humano solidário e perfeito.
Fico comovido e sensibilizado pela pureza e ternura perante uma perda significativa e insubstituível do seu sentir.
MUITO OBRIGADO pelo humanismo fabuloso que brota de si.
Força.
No que puder ajudar?
Beijinhos amigos de imenso respeito e estima.
Sempre a admirá-la e a lê-la com atenção.

pena

Helga Piçarra disse...

Fê, sinto muito saber os momentos que já viveu, mas folgo igualmente em saber, que os conseguiu ultrapassar. Baseada na minha experiência pessoal, creio que a dor pela perda de um ente querido, é como o fim do mundo, onde parece que não há mais nada a não ser um vazio profundo sem horizonte ou por do sol que nos console. A fase da aceitação, julgo ser, quando finalmente conseguimos ver um pequeno raio de luz e percebemos que essa mesma luz nunca deixou de brilhar e sempre brilhará no nosso coração, apesar da ausência física.
Um beijinho grande e solidário :)

Helga Piçarra disse...

Olga, é realmente um facto, pode é não ser aplicado a toda a gente, pois cada pessoa é uma pessoa e sente e encara as coisas de forma diferente. Porém, eu acho que este texto ilustra muito bem todas essas diferenças e a ordem de sentimentos, que podem demorar mais ou menos tempo a ser aceites.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Caro Pena, mais uma vez obrigada pelas suas palavras de conforto e solidariedade. Acredite que só de o ler por aqui, já me ajuda a sorrir.
Um grande bem-haja!

Patricia Silva disse...

Realmente nunca tinha pensado nisso, mas depois de pensar um pouco, vi que tens razão.
Bjocas
Patty

Ava disse...

Helga, só te quero dizer que estou contigo, que estou aqui para te ajudar neste momento difícil.
Adoro-te amiga.

BeiJJJJinhos doces, Ava.

mz disse...

Para começar, 'Anatomia de Grey' é das minhas séries preferidas...

Dor...
Dor emocional.


Falar a dor e definir a dor é um tema que requer uma vivência própria para melhor a podermos expressar... mesmo assim, muita do que se sente fica por dizer e não existem palavras para abranger a profundidade deste estado.

Estas cinco fases são bem reais... E só o carinho de quem nos rodeia e principalmente a nossa força pode libertar-nos de cair na pior desta fase a 'depressão'.

Muito obrigada por teres trazido este texto aqui.

beijinhos

su disse...

...e depois da aceitação, vem a Cura. querida amiga, a cura existe. em ti. basta procurar dentro do teu Eu. não interessa o que dizem. tu podes tudo. tu és...

tu podes curar-Te e podes curar a forma como encaras a vida para além desta vida. pode não ser fácil (sei que não é fácil) mas é possível. tudo é possível quando há amor.

o Pantera está bem. acredito que sim... numa outra dimensão que não a nossa, é certo. longe de ti... mas não tão longe como pensas. ele está e estará sempre do teu lado. mesmo que não o vejas ou o sintas, ele está ao pé de ti. então não chores. ele fica triste. não penses na sua ausência: celebra a sua Vida...

lembra-te.

do que passaste com ele. das brincadeiras, das conversas...

celebra-o todos os dias: sorri-lhe...

e ele sorrirá de volta... [não vês o seu sorriso, é certo, mas senti-lo-ás no teu coração...]

beijinho apertadinho, minha linda e fora, muita força...

[mas jamais te esqueças: nunca estás só]

Helga Piçarra disse...

Patty, dá que pensar sim... e muito.
Beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Ava, eu sei. Obrigada!

Helga Piçarra disse...

MZ, também adoro a série 'Anatomia de Grey'. E como já disse ao Junior, este texto impressionou-me bastante, não só pelo seu conteúdo, mas também pelo poder emocional dos episódios em si.

Agora que chegou a minha vez de sofrer uma perda, ele faz-me mais sentido do que nunca. Como dizes, e muito bem, muito do que se sente fica por dizer, porque não há palavras que o descrevam, é algo que apenas se sente e varia de pessoa para pessoa, a mesma dor.

Felizmente estou rodeada pelo carinho de pessoas que me querem bem e me ajudam a ultrapassar este momento, incluindo tu e outros 'amigos' que se encontram neste mundo virtual e a quem agradeço de coração todo o apoio.

Um beijinho grande e obrigada por estares aí :)

Helga Piçarra disse...

Caminhante, impossível não chorar com as tuas palavras. Elas foram de uma importância muito grande. Ler o nome do Pantera 'dito' por alguém que não o conheceu, foi realmente como se ele estivesse entre nós e fosse acarinhado por todos. Lembrar-me-ei eternamente e enquanto me for possível das brincadeiras (e foram tantas), das conversas, dos momentos, inclusive dos menos bons.

Como disse no post anterior, eu prefiro sorrir por saber que os espinhos têm rosas, do que chorar porque as rosas têm espinhos, mas a verdade é que uma coisa sem a outra não fazia sentido. Chorar a morte é celebrar a vida e vice-versa. Muito obrigada por este momento muito emotivo para mim, mas igualmente muito reconfortante.

Retribuo a força que me deste e reforço as tuas palavras... nunca estamos sós... é tão bom saber isso.

Um beijinho muito grande e emocionado :)

Atena disse...

Sei do que fala... são de facto 5 dolorosas fases. Depois o resto é caminho - seguir em frente, com algumas recaídas, mas saboreando cada passo com muito mais intensidade... e confesso, tentando fugir da dor como o diabo foge da cruz.
Bjos grandes
Cristina

Helga Piçarra disse...

Atena, ás vezes é nas recaídas que encontramos a força para nos erguer, é nas lembranças que aprendemos a sorrir, sem que a dor pese no nosso sorriso. Leva tempo, mas é possível. Impossível é esquecer. Obrigada pelo carinho...
Um grande beijinho :)

maria teresa disse...

Somos toda a vida crianças na fase do começar a andar, caímos, levantamo-nos e tentamos de novo ... e assim a vida vai tendo uma meta, conseguirmos andar, esperando cair cada vez menos.
Abracinho

Helga Piçarra disse...

Maria Teresa, e a queda que custa mais, é aquela que se dá, quando estamos convencidos que não só já sabemos andar, mas também somos capazes de correr. É o tropeçar na vida inesperadamente, mesmo quando estamos cara a cara com a pedra que sabemos que nos vai derrubar, que nos deixa completamente de rastos, precisando de mais tempo para nos erguer e curar as feridas.
Obrigada pelas suas palavras.
Abracinho

su disse...

joquinhas, minha linda...

Pena disse...

Preciosa e Linda Amiga:
Escreve divinal e majestosamente.
Sabe, também já senti imensa dor?
E, sabe, quando estou de mal, de sofrimento comigo próprio, reajo da forma como brilhantemente refere narrado por si com sensatez e sobriedade.
Estou de mal comigo, então estou de mal com a vida e com o mundo que adoro.
Parabéns, doce amiguinha.
Olhe, força e intensidade de positivismo, é o que lhe desejo neste fabuloso Post de sofrimento.
Estarei ao seu lado para o que for preciso.
Beijinhos amigos pelo que é. E, é muito.
Beijinhos mil.
Sempre a respeitá-la e a admirá-la. SEMPRE e de forma constante.

pena

Bem-Haja, pela ternura deixada no meu humilde blogue em que sonho.
É fabulosa. Linda.
Parabéns.
Força, é o que lhe desejo com uma amizade imensa.
MUITO OBRIGADO pela doçura e ternura que sei que habitam em si e no que é.

Helga Piçarra disse...

Caminhante... obrigada... :)

Helga Piçarra disse...

Caro Pena, abençoado seja pelas suas palavras sempre tão enternecedoras. Muito obrigada!

Um beijinho grande e com muita admiração.

Carlos Albuquerque disse...

Li o texto que enforma o post, mas retive-me na resposta da Helga ao comentário de Jr Vilanova.
A minha relação com a irmã da vida (não sei se ela é filha dos mesmos pais)tem sido pacífica, relativamente!
Tive um grave acidente e estive em três guerras. Por duas ocasiões, a morte mostrou-se, pregou-me rasteiras e acho que chegou mesmo a falar-me. Reergui-me e não percebi, confesso, o que ela me disse. Mas sei o que lhe respondi: julgas-te importante, mas não passas de uma megera rafeira! Não, não contes comigo, quando vieres não estarei cá para te ver.
Até hoje não voltou a mostrar-se.
Estará, talvez, acoitada num qualquer canto esconso, à espera. Pois que esteja!
Cá por mim continuo a dar-me bem com a irmã,a menina que se chama vida.
Um abraço

Helga Piçarra disse...

Carlos, talvez a morte tenha respeito por quem ousa enfrentá-la com a força da vida no coração, mas como disse, ela estará acoitada num canto qualquer, à espera... que fraqueje, que falhe, que desista de a enfrentar. Ela que espere, pois tanto quanto já me foi dado perceber, o Carlos não lhe vai facilitar o trabalho.

Admiro-o, mesmo sem o conhecer, pela ousadia e pela força com que enfrenta a vida. Porém quando ela (a morte), chega e nos leva quem não teve a mesma coragem, ou simplesmente foi apanhado desprevenido, ficamos sem reacção e a dor é profunda. Resta-nos reforçar os laços com a menina que se chama vida.

Um grande abraço