Sensibilidade [a minha]


Intrigam-me, num sentido literal e quase assustador, as pessoas que não se deslumbram com uma simples flor do campo, com uma folha de Outono ou com uma mera gota de chuva. Intrigam-me as pessoas que não se emocionam com um filme, com um livro, ou simplesmente com um anúncio de televisão. As pessoas que não se sensibilizam com a doçura dos animais ou com a inocência das crianças. Entristece-me descobrir que cada vez mais estou rodeada de pessoas que não param para apreciar o céu ou ouvir o vento. Tenho consciência que não somos todos iguais, nem tão pouco temos que gostar das mesmas coisas. Aliás, nem poderia ser assim, o mundo tombaria num instante. Mas confesso que por vezes me sinto um pouco incompreendida no meu "excesso" de sensibilidade, e talvez por isso me esforce por tentar compreender e aceitar a falta dela nos outros. Tenho de o fazer, mas quando não consigo, apoio-me na ideia de que nos compensamos mutuamente com a partilha de opiniões e a troca de emoções. A minha sensibilidade é a minha força e não peço desculpa por isso, porque no fim, o que realmente importa é o que nos faz sorrir e o que nos aquece o coração. Se há quem prefira não sentir os pequenos e simples detalhes da vida, é uma opção à qual tem todo o direito.

Helga Piçarra

12 comentários:

mz disse...

O direito de se ser único é pensar e sentir de forma diferente. Têm de ser os mais sensíveis a cortar a frieza dos mais racionais.

Umas vezes consegue-se outras nem por isso.

Bjnhs

Daniel C.da Silva disse...

Nem todos terão sensibilidade, ou tê-la-ão em diversos graus, mas a complementaridade se ajuda, nem sempre conforta. De qualquer forma a diversidade por vezes é desconcertante mas é nela e por ela que somos...

Mas entendo bem estas palavras. Um beijo amigo

Rogério G.V. Pereira disse...

Quando temos a alma à flor da pele, esquecemos, por vezes, que outros também têm alma e pele... a questão, julgo, não é exactamente como a coloca, Helga. Na verdade há quem cada vez menos se importe com o que faz sorrir os outros, e com o que lhes faz aquecer o coração... porque o que realmente lhes importa é o que lhes bate à porta

:))

Helga Piçarra disse...

MZ, sim, umas vezes consegue-se outras não. Não podemos ter a pretensão de querer mudar os outros, mas sim aceitá-los como são, ainda que na maioria das vezes não consigamos perceber a sua ausência de sensibilidade.

Bjs

Helga Piçarra disse...

Daniel, é exactamente como dizes, é pela diversidade que somos, ela gera o equilíbrio necessário.

Beijinho

Helga Piçarra disse...

Rogério, ora aí está um belo ponto de vista. Porém o que nos bate à porta não nos deveria impedir de apreciar o que nos aquece o coração e nos dá força para continuar a enfrentar o cinzento dos dias. Problemas e chatices todos temos, nao será a beleza e a ternura do que nos rodeia, a melhor forma de apaziguar uma alma atormentada?

Aquele abraço :)

By Me disse...

"Quando a presença é autêntica, não se pede desculpa pela ausência." :)

Helga, levei muito tempo a compreender as pessoas insensíveis e geladas, aquelas que não se comovem com nada, as impassíveis e imperturbáveis.... mas quantas vezes por detrás dessa frieza toda está um homem/ mulher frágil. As circunstâncias da vida ajudaram a colocar uma rolha que prende o mundo das emoções e sentimentos...Um dia, por qualquer razão a rolha/ parafuso salta e conseguimos finalmente perceber que ali estava um coração capaz de se desfazer em lágrimas e risos!
Bom dia de Abril! :)

Helga Piçarra disse...

Pedrasnuas, sim, quantas vezes... é bem verdade isso...
Não quero parecer nem ser insensível a esse facto, por vezes eu mesma me escondo atrás de alguma frieza, mas depois descubro o quanto é gratificante ceder ao riso e às làgrimas.
Urge sermos mais sensíveis a nós mesmos :)

luisa disse...

Não há uma sensibilidade. Há sensibilidades. A minha até se assemelha à tua. :)

Helga Piçarra disse...

Luisa, definitivamente sim :)

By Me disse...

Gosto do pensamento de Arthur Schopenhauer e da imagem! É de uma ternura....que comove! Sim, Lígia! :) Se aquele trabalho fosse meu, não ficaria lá o nome... nem eu pedi, foi iniciativa de quem me fotografou e, por incrível que pareça não compreendo como é que duas raparigas com curso superior não viram que a palavra "guerreira" estava mal escrita.... é que levaram imenso tempo a elaborar o book e deixam-me uma mancha daquelas....francamente... e nem um pedido de desculpas, nada. Há pessoas e pessoas ...Beijinho grande :)

Fê blue bird disse...

A sensibilidade minha amiga é o que nos distingue e nos define.
Perdê-la é perder a nossa essência.

beijinho