Estava Vazio (para a Fábrica de Letras)

 Imagem: HELGA

Velho e sem utilidade, foi posto no lixo. Levou com ele os momentos de descanso depois de um dia de cansaço. O silêncio da hora da sesta no pico do calor do Verão. A vida dos braços que nele repousaram e da cabeça que pendeu para adormecer ao serão. As histórias contadas à lareira numa noite de Inverno. Agora estava vazio, velho e sem utilidade. Foi posto no lixo e levou com ele as memórias e a saudade.

No âmbito do desafio de Junho para a Fábrica de Letras sobre o tema "Estava Vazio"

45 comentários:

Unknown disse...

Olá, boa tarde!

Gostei da forma como explorou o tema da Fábrica de Letras do presente mês.

Parabéns!!! ;)

Beijinhos.

Eliete disse...

Helga, com poucas palavras você diz tudo. Leva-nos a recordação de momentos que com certeza muitos de nós vivemos ao despedirmos de alguns obejtos que não são só objetos e sim um âmbito. Adorei, beijos, Eliete

By Me disse...

ELE SABE HISTÓRIAS QUE NINGUÉM OUSA CONTAR...SE FALASSE...AI MUITA GENTE FICAVA LIXADA!...

KISS

luisa disse...

Quem sabe se do lixo não sairá pela mão de um estofador de histórias que o recomponha, renove e o encha de novas memórias...

Gostei. :)

Helga Piçarra disse...

Finding_Neverland, muito obrigada!

Beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Eliete, lembro-me de quando tirei esta foto - a minha sobrinha de 13 anos que estava comigo - me ter perguntado assim: oh tia, porque estás a fotografar um sofá velho que já ninguém quer?

E eu respondi: Porque tudo tem uma história para contar, até um sofá velho que já ninguém quer.

Tal como disse a Eliete, alguns objectos, são muito mais do que apenas objectos. São pedaços de vidas que se jogam fora.

Um beijo

Helga Piçarra disse...

Pedrasnuas, essa é a verdade... a sua sabedoria envergonharia muita cadeira de design moderno.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Luísa, que lindo o teu comentário. Até eu tive vontade de o trazer para casa e de o encher de novas memórias. Muito obrigada!

Um beijinho :)

Ricardo Fabião disse...

um tanto das tardes, dos chás, da alegria, um tanto do cheiro das pessoas, das casas, um tanto do colo de tudo, para, no fim, tão pouco...

Grande homenagem.

Beijos.
Ricardo

Helga Piçarra disse...

Ricardo... e no fim, tão pouco. Só isso, diz tudo.

Obrigada!

Um beijinho :)

Lala disse...

em fim de vida. é isto o ciclo de vida das coisas outrora importantes e aconchegantes. às vezes com o ser humano também é assim (nós vemos isso todos os dias e a cada esquina... infelizmente).

Beijinhos**

GizeldaNog disse...

Querida Helga...
a poesia não está nas coisas, mas nos olhos e na alma de quem as vê.
Você acabou de provar isso, lindamente.
Bjs e bom domingo

Helga Piçarra disse...

Lala, é uma realidade triste e cada vez mais comum, infelizmente. Pessoas que outrora foram gente e hoje são apenas uma sombra de si mesmos, como velhos sofás sem utilidade, jogados nos lixo juntamente com as suas memórias.

O ciclo da vida é inevitável, mas podia ser mais bonito de viver para alguns.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Gizelda, as suas palavras enaltecem-me bastante, mas sou apenas uma humilde observadora dos detalhes da vida. Muito obrigada!

Um beijinho :)

Teresa Diniz disse...

Olá Helga
Como tudo, o teu sofá tem histórias para contar. Afinal, não estava vazio e sem utilidade :)
Gostei do que escreveste. Conseguiste fugir do estereotipado (o que, neste tema, não era fácil).
Bjs

Ava disse...

Belo post Helga, apesar de vazio nunca o está realmente. Tem marcado no seu tecido todas as historias todos os momentos vividos.

Beijinhos doces e um bom domingo amiga, Ava.

Unknown disse...

Helga, muito bonito o texto. É pena nos desfazermos das coisas que têm tanto significado, resta-nos as memórias que temos connosco e que não podem ser deitadas no lixo. kiss

mz disse...

Querida Helga,
já vi alguns sofás que estiveram pertinho de ir para o lixo, mas no último momento decidiram que reciclar lhes dariam outra oportunidade de continuarem a fazer parte da casa e do conforto.

Decerta forma, tu reciclaste este... estava vazio mesmo que guardasse memórias e encheste-o com a sensibilidade das tuas palavras e do teu sentir.



um beijinho

Carlos Albuquerque disse...

Dum tema tão bravio o talento escreveu cinco linhas que nos acariciam os sentidos!
Desconfio que o sofá não terá levado com ele as memórias e a saudade.
As memórias ficaram e estão vivas, pelo que li. A saudade, essa, começou bem cedo, quando o fotografou.
Poucos são capazes de fazer de um detalhe da vida (mesmo que dum sofá)uma saudade futura.
Gostei.
Muito!
Abraço

Insana disse...

Ola Helga.
você fala de um sofa um objeto que foi jogado fora e se perdeu o que ele um dia foi as lembranças, pensando aqui quando nós somos jogadas fora nos perdemos em nossas lembranças pois nunca esquecemos apesar de ter sido esquecida.

Bjs
Insana

Johnny disse...

Acho que lhe falta apenas uma almofada para deixar de ficar vazio e voltar a fazer memórias!

Rogério G.V. Pereira disse...

Sempre "coisifiquei" as minhas coisas...
Nunca as olhei para além da sua útilidade...
Depois deste seu texto, não mudei muito essa ideia, mas compreendi porque me sinto tão bem em minha casa!

As coisas que eu tenho definem o meu ambiente e talvez guardem de mim muito do que eu sou. Talvez, quando as arrumar de vez, essas coisas sintam o vazio de me perderem... Nunca tinha pensado nisso!Nem sei se isso é assim...

Catsone disse...

Helga, espero que tenhas boas memórias do que aconteceu nesse sofá mas que esqueças do padrão do tecido :D

bj

Anónimo disse...

Há lugares vazios que só a memória preenche.

maria teresa disse...

EXCELENTE!!!Há tantos objectos que ficaram vazios porque os abandonámos...
Abracinho

Jr Vilanova disse...

Helga.

Primeiro, reafirmo a satisfação de estar aqui contigo, compartilhando sua 'volta', sua inspiração...

Depois, confesso que seu texto hoje me fez repensar alguns comportamentos... é que eu, com minha mania de desapego, acabo me desfazendo cedo demais de coisas que poderiam me acompanhar ainda por muito tempo, tenho certeza!

Valeu a reflexão. Te espero amanhã no COntatos...
Jr.

Helga Piçarra disse...

Teresa, tudo tem uma história para contar, ainda que não seja por palavras próprias. Obrigada!

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Tulipa, muito obrigada. Sim, as memórias essas ficarão sempre connosco, mesmo depois dos objectos partirem, tal como acontece com tudo o resto que parte, que nos deixa...

Um Kiss :)

Helga Piçarra disse...

MZ, acredita que quando olhei para ele, imaginei mil e uma histórias. Por isso não resisti a trazê-lo comigo, ainda que fosse numa foto. Obrigada eu, pela sensibilidade das tuas palavras.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Carlos, muito lhe agradeço o seu apreço pelas minhas cinco linhas. Poucos são os detalhes da vida que nos acariciam os sentidos. A imagem deste sofá velho e abandonado, acariciou os meus e avivou-os ao tentar dar-lhe alguma vida. Apraz-me que tenha gostado. Muito obrigada!

Um abraço :)

Helga Piçarra disse...

Insana, tens razão. Por vezes somos jogados fora e esquecidos, como objectos abandonados. Mas por vezes também há alguém que pega em nós e nos recompõe e nos dá vida de novo.

Muito obrigada pelo teu comentário. Logo que possível retribuirei a visita.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Rogério, 'coisificar' não é algo de errado ou de cruel, até porque se nos apegássemos a tudo, não nos sentiríamos tão bem em casa, como o Rogério se sente, pois não caberia lá tudo.
Porém há coisas de importância e relevância maior, que marcam mais que outras e que contam histórias, que nós mesmos não conseguimos traduzir por palavras.
Quando olhei para este sofá junto ao lixo, foi como se ele me contasse a sua história e foi isso que quis trazer comigo nesta imagem.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Catsone, pessoalmente não guardo memórias nenhumas dele, apenas porque ele nunca foi meu. Passei por ele por acaso junto ao lixo e ele contou-me as suas histórias. Não resisti em trazê-lo comigo, apesar do padrão do tecido...

Posso não guardar memórias deste sofá em particular, mas guardo de muitos outros objectos dos quais já me desfiz.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Junior, muito obrigada. É bom estar de volta e ser recebida assim tão bem!

É impossível apegarmo-nos a tudo, embora haja coisas que ás quais nos deveríamos apegar um pouco mais. Recentemente fiquei com uma cómoda velha, antiquíssima, que pertenceu à minha avó, pois sei que ela guarda memórias inesquecíveis em cada uma das suas gavetas. Nesse aspecto sou muito sentimentalista.

Valeu o teu comentário. Amanhã lá estarei...

Beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Ava, lembras-te daquele meu sofá velhinho, o qual já me fazia dores nas costas porque tinha as ripas todas partidas, e o qual tanto desejava substituir?

Chorei quando o deixei no lixo. Foram quase 16 anos juntos. Há memórias que nem o lixo consegue apagar.

Um beijinho :)

Helga Piçarra disse...

Maria Teresa, muito obrigada pelas suas maiúsculas! Os vazios vão-se preenchendo, com outros que um dia terão o mesmo fim...

Abracinho

Helga Piçarra disse...

johnny, provavelmente tens razão... bastava apenas uma almofada. Às vezes é esse 'apenas' que bastava e que nunca chega.

Um beijinho :)

su disse...

acredito que nada fica\esta verdadeiramente vazio... muito menos um velho sofá. tanto que existirá nele, tantas histórias guardará.

adorei o que escreveste. pequeno texto, grande em significado.

um beijinho...

Helga Piçarra disse...

Carlos Barbosa, não podia concordar mais com as suas palavras.

Um abraço :)

Helga Piçarra disse...

Caminhante, são geralmente as coisas pequenas, que maior significado têm. Muio obrigada!

Um beijinho :)

Poetic Girl disse...

Há objectos que contam a nossa história, quando nos são tomados ou nos desfazemos deles, levam sempre um bocado de nós. beijo

Helga Piçarra disse...

Bela, acredito que tudo o que nos marca e deixa a sua importância na nossa vida, leva sempre um pouco de nós, quando parte - ainda que seja um objecto.

Um beijinho :)

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Helga, os objetos quando desfeitos, levam um pouco de nós junto.

Fantástica sua contribuição!

Helga Piçarra disse...

Ana Cristina, absolutamente. Alguns deixam até saudade. Obrigada!

Um beijinho :)

Fia disse...

Bem interessante a forma como deste a volta ao tema :)
Beijinho